São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Município quer contrapartidas para compensar impacto ambiental e social

DA ENVIADA ESPECIAL A ANGRA DOS REIS

Depois de 25 anos de convivência com uma central nuclear, os moradores de Angra (RJ) estão mais dispostos a exigir contrapartidas do que a manifestar resistência em relação à construção de Angra 3.
O prefeito da cidade, Fernando Jordão (PMDB), já manifestou publicamente o apoio ao empreendimento, mas quer apresentar a fatura do crescimento populacional de Angra motivado em parte pelo fluxo migratório no período de obras de construção de Angra 1 e 2.
Estimativas da Eletronuclear indicam que no pico das obras até 9.000 pessoas poderão trabalhar na construção de Angra 3. Além disso, operação da usina requer mão-de-obra especializada, com geração de cerca de 400 vagas. Para o prefeito, o governo federal tem uma dívida social com o município. Ele quer também cobrar do Ibama que a contrapartida ambiental equivalente a 2% do valor da obra seja aplicada na região.
Para o pescador Claudemiro Raimundo Cipriano, 67, pouca coisa mudou com a chegada da usina. "O perigo está em todo lugar. Acho bom ter Angra 3. Pelo menos vai trazer mais emprego. Mas a gente não precisava ter que pagar uma luz tão cara com a usina aqui do lado."
O vereador Odir Duarte, fundador da Associação dos Movimentos Ambientalistas de Angra dos Reis, afirma que mais uma vez o governo está "enfiando goela abaixo" da população uma nova usina. Além do impacto ambiental, ele cobra a construção de um ginásio e o pagamento do IPTU da usina.
Duarte afirma ter reunido mais de 4.000 assinaturas de pessoas contrárias à criação de outro depósito de lixo. Segundo ele, na Espanha paga-se até US$ 4 milhões por ano para abrigar rejeitos radioativos, enquanto em Angra estima que o município só receba R$ 60 mil.


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