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Município quer contrapartidas para compensar impacto ambiental e social
DA ENVIADA ESPECIAL A ANGRA DOS REIS
Depois de 25 anos de convivência com uma central nuclear, os moradores de Angra
(RJ) estão mais dispostos a exigir contrapartidas do que a manifestar resistência em relação
à construção de Angra 3.
O prefeito da cidade, Fernando Jordão (PMDB), já manifestou publicamente o apoio ao
empreendimento, mas quer
apresentar a fatura do crescimento populacional de Angra
motivado em parte pelo fluxo
migratório no período de obras
de construção de Angra 1 e 2.
Estimativas da Eletronuclear
indicam que no pico das obras
até 9.000 pessoas poderão trabalhar na construção de Angra
3. Além disso, operação da usina requer mão-de-obra especializada, com geração de cerca
de 400 vagas. Para o prefeito, o
governo federal tem uma dívida social com o município. Ele
quer também cobrar do Ibama
que a contrapartida ambiental
equivalente a 2% do valor da
obra seja aplicada na região.
Para o pescador Claudemiro
Raimundo Cipriano, 67, pouca
coisa mudou com a chegada da
usina. "O perigo está em todo
lugar. Acho bom ter Angra 3.
Pelo menos vai trazer mais emprego. Mas a gente não precisava ter que pagar uma luz tão cara com a usina aqui do lado."
O vereador Odir Duarte, fundador da Associação dos Movimentos Ambientalistas de Angra dos Reis, afirma que mais
uma vez o governo está "enfiando goela abaixo" da população uma nova usina. Além do
impacto ambiental, ele cobra a
construção de um ginásio e o
pagamento do IPTU da usina.
Duarte afirma ter reunido
mais de 4.000 assinaturas de
pessoas contrárias à criação de
outro depósito de lixo. Segundo
ele, na Espanha paga-se até
US$ 4 milhões por ano para
abrigar rejeitos radioativos, enquanto em Angra estima que o
município só receba R$ 60 mil.
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