|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comércio eletrônico deve ter alta de até 50% ao ano
Setor prevê uma expansão do faturamento nesse ritmo pelos próximos três anos
Entre as explicações, estão o acesso das classes mais baixas à internet e a entrada de grandes varejistas, como Casas Bahia e Carrefour
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Vender pela internet está
deixando de ser um diferencial
para os grandes varejistas para
se tornar ferramenta básica na
estratégia de conquistar novos
clientes e não perder os antigos. Com projeção de crescimento do faturamento do comércio eletrônico entre 40% e
50% ao ano, pelos próximos
três anos, ninguém quer ficar
de fora da rede.
As Casas Bahia e as redes de
supermercados Carrefour e
Wal-Mart já anunciaram que
devem começar as vendas pela
internet no próximo ano. Em
2007, a e-bit, que faz o acompanhamento do comércio eletrônico nacional, prevê um aumento de 45% no faturamento,
saltando para R$ 6,4 bilhões.
Para as Casas Bahia, a entrada nesse nicho está condicionada à ampliação da base de clientes com cartões de crédito da
empresa. Já foram emitidos 2,5
milhões de plásticos, e a meta é
vender pela internet quando
chegar aos 4 milhões, o que pode acontecer em 2008.
Para Gerson Rolim, diretor
executivo da Câmara Brasileira
de Comércio Eletrônico, a entrada das Casas Bahia nesse nicho é uma quebra de paradigma. "Vai acelerar o crescimento [do comércio eletrônico no
Brasil]. Acho que haverá pessoas que vão comprar pela primeira vez pela internet nas Casas Bahia", afirmou.
Inclusão
Além da chegada de novos
varejistas, Rolim destaca o papel das classes mais baixas, que
vêm impulsionando o setor
graças à inclusão digital. Em setembro de 2000, os consumidores com renda familiar até
R$ 3.000 eram 34% dos compradores on-line, dado que passou para 44% em 2006.
Considerando todas as faixas
de renda, havia 7 milhões de
clientes em 2006, e a previsão é
chegar a 9,8 milhões neste ano.
Segundo Pedro Guasti, diretor-geral da e-bit, a projeção é de
um aumento anual entre 30% e
40% nos próximos três anos.
Ele avalia que menos de 2%
das vendas do varejo brasileiro
sejam virtuais, mas o número
não é tão pequeno se comparado com o dos Estados Unidos,
que, mesmo com o mercado já
maduro, não passa dos 5%.
Em terras americanas, aliás,
o ritmo do avanço do comércio
eletrônico vem caindo. "No ano
passado, foram 22% [de aumento no faturamento], contra
taxas na casa dos 40% a 45% no
início da década", comparou.
Um dos motivos para a projeção de alta do faturamento estar acima da do número de consumidores no Brasil se deve ao
fato de que os internautas estão
comprando produtos cada vez
mais caros, ampliando o leque
antes dominado pela trinca livro/CD/DVD. Eletrodomésticos, eletrônicos, telefones e
itens de informática, que eram
21% das vendas em 2002, responderam por 39% em 2006.
Sem tocar
O consultor Marcos Gouvêa
de Souza, diretor-geral da Gouvêa de Souza & MD, especializada em varejo, lembra que os
consumidores de países como
Estados Unidos, Inglaterra,
Alemanha e França aprenderam a comprar sem tocar e ver
os produtos devido às vendas
por catálogo, modalidade com
poucos adeptos no Brasil. Por
isso, esse "aprendizado" vem
sendo feito pela internet.
Para quem quer se prevenir,
Maria Inês Dolci, da Pro Teste
(Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), aconselha
imprimir todo o pedido da
compra e não pagar tudo de
uma vez, se puder parcelar o
débito sem juros.
"Os sites de compras são
meios eficientes, mas é preciso
ter cuidado maior porque [o
cliente] não está vendo o produto", argumentou. A dica é optar por endereços eletrônicos
"há mais tempo estabelecidos"
e, de preferência, nos quais
amigos tenham comprado mais
de uma vez sem problemas.
Segundo os últimos dados do
IBGE, o país tinha 32,1 milhões
de internautas em 2005, o que
correspondia a 21% da população com dez anos ou mais. O
patamar baixo indica que muitos "peixes" ainda vão cair nessa rede, dizem os especialistas.
Texto Anterior: Luiz Carlos Bresser-Pereira: Tarifa x câmbio Próximo Texto: Cartão não-solicitado fica isento de anuidade, diz lei Índice
|