São Paulo, segunda-feira, 02 de julho de 2007

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Inflação em alta é alvo de atenção dos investidores

Semana trará resultados da Fipe e do IBGE sobre junho

DA REPORTAGEM LOCAL

O segundo semestre de 2007 inicia com um desafio que dificilmente os mercados cumprirão: superar ou pelo menos igualar o desempenho visto no primeiro semestre, quando as Bolsas bateram sucessivos recordes no mundo. A Bovespa teve alta média de 22,3% no semestre. Nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York subiu 7,59% e a Nasdaq, 7,78%.
No Brasil, a expectativa é que, com a redução dos juros, a Bolsa suba ainda mais, mas não repita o mesmo desempenho. Analistas apontam que o Ibovespa pode passar de 60 mil pontos até dezembro, o que confere um ganho de mais 10,3% em 2007. "Há potencial para subir, mas teremos períodos de realizações [baixa]", disse Fausto Gouveia, da Alpes.
A primeira semana, porém, começa com negócios em ritmo fraco devido ao feriado americano da Independência, na quarta, e depois ao feriado prolongado paulista de Nove de Julho, na segunda-feira.
Hoje sai o resultado da balança comercial fechado de junho, dado que costuma mexer com o mercado de câmbio. "As importações estão crescendo mais rápido do que as importações. Vemos algumas empresas com dificuldade de embarcar produto para o Brasil, o que vai escoar no segundo semestre. As importações crescem sempre no final do ano. Não será motivo para virar a balança, mas terá impacto significativo", disse Adilson Goes, da Levycam.
A semana traz índices importantes de inflação, que mostra sinais preocupantes de aceleração quando são olhadas as taxas acumuladas em 12 meses. Na quarta, a Fipe divulga o IPC fechado de junho em São Paulo. A expectativa é que fique em 0,45%, o que resulta em uma inflação de 4,77% em um ano -bastante acima dos 3,98% do mesmo período de 2006.
Na sexta, o IBGE divulga o IPCA de junho. Analistas esperam que o índice, que baliza a meta de inflação, suba 0,3% -daria 3,71% em um ano, também acima dos 3,18% do mesmo período do ano anterior.
Segundo o economista Elson Teles, da Corretora Concórdia, o próprio Banco Central não considerava no relatório de inflação uma taxa tão alta. "O dado mostra que a inflação parou de acelerar e ficou estável em relação aos meses anteriores, mas ainda mais alta do que no ano passado. Diminuiu a folga que tinha em relação à meta de inflação [de 4,5%]. São surpresas negativas que devem ser analisadas com lupa. Há a preocupação de aumento da demanda. A inflação está mais alta do que se imaginava", disse.

Dados americanos
Nos EUA, saem amanhã os dados das encomendas da indústria e das vendas de carros, importante indicador do consumo de bens duráveis no país.
Na semana passada, o Departamento de Comércio reportou um resultado fraco nas encomendas de bens duráveis em maio, especialmente na compra de máquinas e bens de capital, o que sinalizou perigo de desaceleração na maior economia do mundo. Foi a maior retração em quatro meses.
A notícia derrubou os juros dos títulos do Tesouro americano, que encerraram a semana com taxa de 5,033% ao ano, a menor desde 7 de junho, quando passaram dos 5%.
Os dados mais esperados nos EUA, porém, são a taxa de desemprego e a posição de vagas criadas em junho, que saem na sexta. A expectativa é que o desemprego fique, mais uma vez, em 4,5% da população economicamente ativa. Qualquer dado que sinalize aquecimento do mercado de trabalho americano terá o potencial de derrubar os mercados internacionais.
(TONI SCIARRETTA)


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