São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Superávit comercial bate recorde no ano

Em 7 meses, saldo atingiu US$ 25 bi, turbinado pela alta de preços dos produtos exportados; importação e exportação crescem

Média diária de exportação deve se consolidar acima de US$ 500 mi, e até dezembro país deve vender mais de US$ 11 bi/mês, diz governo

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar do real valorizado, o superávit comercial atingiu recorde histórico neste ano, chegando a US$ 25,17 bilhões no acumulado de janeiro a julho, acima dos US$ 24,65 bilhões registrados no mesmo período de 2005. O resultado foi atribuído à alta dos preços de produtos exportados pelo país.
A greve dos funcionários da Receita Federal encerrada em junho, que durou quase dois meses, fez a balança comercial atingir patamares sem precedentes em julho. O Brasil registrou no mês passado exportações de US$ 13,6 bilhões, 23% a mais que em julho de 2005. O país nunca exportou tanto em um único mês. A média diária dos embarques foi de US$ 648,7 milhões, bem acima do padrão do comércio brasileiro.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat, julho não deve ser parâmetro para avaliar o desempenho do ano. Por isso, o governo não vai rever a meta de exportações de US$ 132 bilhões em 2006.
"Houve muito represamento nas operações de comércio por causa da greve. O resultado de julho não pode ser avaliado isoladamente. É preciso considerar a média das exportações de maio, junho e julho, que é de US$ 552 milhões, e está dentro do patamar projetado pelo governo", disse.
Segundo Meziat, neste ano a média diária de exportação deve se consolidar acima de US$ 500 milhões e até o fim do ano o país deve exportar mais de US$ 11 bilhões por mês.
Em julho, as importações somaram US$ 7,9 bilhões, alta de 31,8% com relação a julho de 2005, e também superaram o recorde anterior, de agosto de 2005, quando o país importou US$ 7,6 bilhões. O resultado foi um saldo também recorde de US$ 5,6 bilhões.
Embora o governo não tenha feito cálculos sobre quanto o país deve importar no ano, Meziat crê que as compras vão continuar subindo por causa do estímulo do dólar barato e por apostar no aquecimento da economia até dezembro.
O saldo comercial nos últimos 12 meses está em US$ 45,2 bilhões, acima da projeção do mercado, que espera um superávit comercial de cerca de US$ 40 bilhões, abaixo dos US$ 44,7 bilhões de 2005. O secretário também acredita que o saldo neste ano seja de cerca de US$ 40 bilhões.
"Assim como as exportações costumam melhorar no segundo semestre por causa da safra agrícola, as importações também aumentam mais no fim do ano tradicionalmente", disse.
Na avaliação de Meziat, as mudanças recentemente anunciadas pelo governo para o câmbio-os exportadores poderão deixar 30% da receita das vendas no exterior- vão ajudar a reduzir os custos para quem exporta, mas o governo ainda não é capaz de mensurar o impacto das medidas nas vendas.
"Provavelmente o impacto não será sentido até o final do ano. A situação atual do câmbio estimula muito as importações e prejudica alguns exportadores, mas há outros problemas. Eles reclamam muito dos custo de logística, por exemplo", disse o secretário.
Meziat admitiu que a valorização do real estimula as importações de bens de consumo, que ficam mais baratas. Essas compras subiram 39% neste ano, enquanto as importações de bens de capital (máquinas e equipamentos), que costumam sinalizar economia aquecida, aumentaram 26%.
O ministério está tentando identificar a razão pelo qual cerca de mil pequenas e médias empresas, que exportam até US$ 100 mil por ano, abandonaram o mercado externo neste ano. Segundo Meziat, apenas 150 empresas responderam a um questionário enviado pelo governo, e a maior parte não indicou a desvalorização do dólar como motivo para parar de exportar.


Texto Anterior: Mercado aberto
Próximo Texto: Alta dos preços dos produtos exportados pelo país explica o resultado positivo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.