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Superávit comercial bate recorde no ano
Em 7 meses, saldo atingiu US$ 25 bi, turbinado pela alta de preços dos produtos exportados; importação e exportação crescem
Média diária de exportação deve se consolidar acima de
US$ 500 mi, e até dezembro país deve vender mais de US$ 11 bi/mês, diz governo
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do real valorizado, o
superávit comercial atingiu recorde histórico neste ano, chegando a US$ 25,17 bilhões no
acumulado de janeiro a julho,
acima dos US$ 24,65 bilhões
registrados no mesmo período
de 2005. O resultado foi atribuído à alta dos preços de produtos exportados pelo país.
A greve dos funcionários da
Receita Federal encerrada em
junho, que durou quase dois
meses, fez a balança comercial
atingir patamares sem precedentes em julho. O Brasil registrou no mês passado exportações de US$ 13,6 bilhões, 23% a
mais que em julho de 2005. O
país nunca exportou tanto em
um único mês. A média diária
dos embarques foi de US$
648,7 milhões, bem acima do
padrão do comércio brasileiro.
Segundo o secretário de Comércio Exterior do Ministério
do Desenvolvimento, Armando
Meziat, julho não deve ser parâmetro para avaliar o desempenho do ano. Por isso, o governo não vai rever a meta de exportações de US$ 132 bilhões
em 2006.
"Houve muito represamento
nas operações de comércio por
causa da greve. O resultado de
julho não pode ser avaliado isoladamente. É preciso considerar a média das exportações de
maio, junho e julho, que é de
US$ 552 milhões, e está dentro
do patamar projetado pelo governo", disse.
Segundo Meziat, neste ano a
média diária de exportação deve se consolidar acima de US$
500 milhões e até o fim do ano o
país deve exportar mais de US$
11 bilhões por mês.
Em julho, as importações somaram US$ 7,9 bilhões, alta de
31,8% com relação a julho de
2005, e também superaram o
recorde anterior, de agosto de
2005, quando o país importou
US$ 7,6 bilhões. O resultado foi
um saldo também recorde de
US$ 5,6 bilhões.
Embora o governo não tenha
feito cálculos sobre quanto o
país deve importar no ano, Meziat crê que as compras vão
continuar subindo por causa do
estímulo do dólar barato e por
apostar no aquecimento da
economia até dezembro.
O saldo comercial nos últimos 12 meses está em US$ 45,2
bilhões, acima da projeção do
mercado, que espera um superávit comercial de cerca de US$
40 bilhões, abaixo dos US$ 44,7
bilhões de 2005. O secretário
também acredita que o saldo
neste ano seja de cerca de US$
40 bilhões.
"Assim como as exportações
costumam melhorar no segundo semestre por causa da safra
agrícola, as importações também aumentam mais no fim do
ano tradicionalmente", disse.
Na avaliação de Meziat, as
mudanças recentemente anunciadas pelo governo para o
câmbio-os exportadores poderão deixar 30% da receita das
vendas no exterior- vão ajudar
a reduzir os custos para quem
exporta, mas o governo ainda
não é capaz de mensurar o impacto das medidas nas vendas.
"Provavelmente o impacto
não será sentido até o final do
ano. A situação atual do câmbio
estimula muito as importações
e prejudica alguns exportadores, mas há outros problemas.
Eles reclamam muito dos custo
de logística, por exemplo", disse o secretário.
Meziat admitiu que a valorização do real estimula as importações de bens de consumo,
que ficam mais baratas. Essas
compras subiram 39% neste
ano, enquanto as importações
de bens de capital (máquinas e
equipamentos), que costumam
sinalizar economia aquecida,
aumentaram 26%.
O ministério está tentando
identificar a razão pelo qual
cerca de mil pequenas e médias
empresas, que exportam até
US$ 100 mil por ano, abandonaram o mercado externo neste ano. Segundo Meziat, apenas
150 empresas responderam a
um questionário enviado pelo
governo, e a maior parte não indicou a desvalorização do dólar
como motivo para parar de exportar.
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