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Congresso de petróleo no Rio discute impacto de guerra
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Trazido ao país com o objetivo
de atrair investimento externo, o
17º Congresso Mundial do Petróleo foi inaugurado ontem no Rio
no momento em que a abertura
do setor no Brasil está em xeque.
A recente intervenção do governo no mercado de gás de cozinha
fez surgir a desconfiança dos investidores. O governo obrigou a
Petrobras a baixar o preço do produto em suas refinarias e as distribuidoras e revendedoras a repassar a redução aos consumidores.
Também incomoda os investidores a decisão da Petrobras de
segurar repasses da alta do dólar e
da variação do preço do petróleo.
Preço livre era a premissa básica
para a abertura do setor, iniciada
em 1997, com a criação da Lei do
Petróleo e a quebra do monopólio
da estatal.
Para não pressionar a inflação, o
governo decidiu baixar em 12,4%
o preço do gás de cozinha (GLP)
na refinaria e investiga a possibilidade de formação de cartel pelas
distribuidoras, pois a queda ao
consumidor não ocorreu com a
mesma intensidade.
Também para não pressionar a
inflação, a Petrobras não reajusta
os preços dos combustíveis desde
o dia 30 de junho, embora o dólar
e o preço do petróleo tenham disparado no período.
""A indústria está preocupada
com esses sinais. Mas entendemos que é uma situação temporária e excepcional", disse João Carlos de Luca, presidente do comitê
organizador do congresso e da
Repsol-YPF local.
Segundo Luca, as empresas foram atraídas ao mercado nacional
por um quadro regulatório claro e
definido. "Qualquer tentativa de
mudança dessas regras é um retrocesso", afirmou.
A quase totalidade das companhias desembarcou no país para
atuar na exploração e produção
de petróleo -atividade até 1997
exclusiva da Petrobras.
Para Luca, o principal tema da
reunião será o futuro da cotação
do produto em um cenário de
possível invasão do Iraque por
tropas norte-americanas.
Uma guerra no Oriente Médio,
em tese, elevaria o preço do produto no mercado internacional. A
Opep (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) já considera aumentar a produção dos
países-membros para amenizar
os efeitos de um eventual conflito.
Estarão no Rio representantes
de algumas das principais companhias do setor, entre elas a gigante
venezuela PDVSA e a saudita
Aramco (a maior empresa petrolífera do mundo).
"A grande discussão será como
fornecer energia ao mundo sem
impacto ao ambiente", disse à Folha o nigeriano Rilwamu Lukman, presidente da Opep.
Serão quatro dias de discussões,
com a presença do secretário-geral da Opep, Álvaro Calderón, e
ministros de petróleo de 14 países.
Em videoconferência na abertura do congresso, ontem, o presidente FHC disse que o Brasil foi
capaz de reduzir a sua dependência externa em relação ao produto
e trabalha para atingir o mais breve possível a auto-suficiência.
Petrobras e Argentina
A Petrobras deverá se desfazer
de duas empresas ligadas ao setor
de energia nuclear para conseguir
concretizar a compra de 58,6%
das ações Perez Companc, segunda maior petrolífera argentina.
O negócio, anunciado em julho,
envolve US$ 1,125 bilhão e ainda
depende da aprovação dos órgãos
de defesa da concorrência e do
governo argentino.
Segundo o jornal "Clarín", a legislação argentina impede empresas estrangeiras, como a Petrobras, de ter participações no
capital de companhias ligadas ao
setor de energia nuclear.
Colaborou João Sandrini,
de Buenos Aires
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