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Balanços de jornais dos EUA têm melhora
Empresas que editam "New York Times", "Washington Post" e "USA Today" exibem alta na receita líquida e queda de custos
Indicadores são relativos ao segundo trimestre de 2009, comparados a igual período do ano anterior, e superam as estimativas de analistas
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Se a crise dos jornais norte-americanos continua forte nos
textos de colunas e blogs que vivem do assunto, alguns números recém-divulgados pelas
maiores empresas de mídia dos
EUA sugerem que o cenário é
melhor do que há um ano. São
os balanços do segundo trimestre de 2009 de companhias
proprietárias de três dos cinco
principais diários do país.
A New York Times Company, que publica o "New York
Times", o diário mais prestigioso do país e terceiro colocado
em circulação nacional, anunciou uma receita líquida de US$
39,1 milhões, ante US$ 21,2 milhões no mesmo período do ano
anterior. Seus custos operacionais caíram 20%, ou US$ 140,5
milhões, e a economia total pode chegar a US$ 450 milhões no
ano, segundo Janet Robinson,
presidente da empresa.
Os valores reportados são
maiores do que esperavam os
analistas do setor.
Surpresa semelhante causou
a Washington Post Company,
que publica o "Washington
Post", quinto colocado em circulação e principal diário político, que anunciou uma receita
de US$ 1,13 bilhão, um aumento de 2% nos últimos 12 meses,
ante uma expectativa de US$
1,09 bilhão. O Post teve ainda
uma receita líquida de US$ 11,4
milhões, ante perda de US$ 2,7
milhões em 2008.
Já a Gannett, que publica o
jornal mais vendido, o "USA
Today", com uma tiragem média de segunda a sexta que chega a 2,1 milhões de exemplares,
teve lucro de US$ 70,5 milhões
no período, ante uma perda de
US$ 2,29 bilhões em 2008, e
uma diminuição de 72,3% nas
despesas operacionais do segmento de publicações.
A divulgação da série de balanços, que ocorreu há algumas
semanas, chegou mesmo a causar então uma pequena alta na
cotação das ações de empresas
jornalísticas abertas, que vinham sofrendo quedas consecutivas na Bolsa.
Nos EUA, o meio passa por
um momento de redefinição
por conta da crise causada pelo
que especialistas chamam de
"tempestade perfeita": um modelo de negócios insustentável
iniciado nos anos 90, com a decisão de oferecer on-line de
graça o mesmo conteúdo que é
cobrado no papel; a migração
lenta e ainda pouco significativa da publicidade do segundo
meio para o primeiro; e a queda
no volume de anúncios em geral, efeito da maior recessão das
últimas décadas.
Além disso, e diferentemente
das companhias europeias, por
exemplo, as empresas jornalísticas norte-americanas eram
até certo ponto inchadas. Um
dos mais atingidos pela crise,
quarto diário em tamanho de
circulação mas com enfoque
regional, o "Los Angeles Times" conta hoje com uma redação de 650 jornalistas. Em
2001, tinha o dobro de gente, ou
o mesmo que o "New York Times" de hoje, que tem alcance
nacional e cerca de setenta escritórios internacionais.
Outros perderam o foco ao
longo dos anos, investindo em
empresas de outros setores, das
quais agora começam a se desfazer. A New York Times Company vendeu sua estação de rádio de música clássica por US$
45 milhões e colocou à venda
sua participação no New England Sports Ventures, dono do
time de beisebol Red Sox.
Ainda assim, o meio jornal
continua sendo a principal fonte de informação do país. Segundo levantamento feito em
julho pela Scarborough Research a pedido da Newspaper
Association of America (NAA),
o número de adultos que leem
jornal por semana nos Estados
Unidos é de 128,5 milhões, ou
70,7% da população total de
adultos do país.
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