São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Balanços de jornais dos EUA têm melhora

Empresas que editam "New York Times", "Washington Post" e "USA Today" exibem alta na receita líquida e queda de custos

Indicadores são relativos ao segundo trimestre de 2009, comparados a igual período do ano anterior, e superam as estimativas de analistas

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Se a crise dos jornais norte-americanos continua forte nos textos de colunas e blogs que vivem do assunto, alguns números recém-divulgados pelas maiores empresas de mídia dos EUA sugerem que o cenário é melhor do que há um ano. São os balanços do segundo trimestre de 2009 de companhias proprietárias de três dos cinco principais diários do país.
A New York Times Company, que publica o "New York Times", o diário mais prestigioso do país e terceiro colocado em circulação nacional, anunciou uma receita líquida de US$ 39,1 milhões, ante US$ 21,2 milhões no mesmo período do ano anterior. Seus custos operacionais caíram 20%, ou US$ 140,5 milhões, e a economia total pode chegar a US$ 450 milhões no ano, segundo Janet Robinson, presidente da empresa.
Os valores reportados são maiores do que esperavam os analistas do setor.
Surpresa semelhante causou a Washington Post Company, que publica o "Washington Post", quinto colocado em circulação e principal diário político, que anunciou uma receita de US$ 1,13 bilhão, um aumento de 2% nos últimos 12 meses, ante uma expectativa de US$ 1,09 bilhão. O Post teve ainda uma receita líquida de US$ 11,4 milhões, ante perda de US$ 2,7 milhões em 2008.
Já a Gannett, que publica o jornal mais vendido, o "USA Today", com uma tiragem média de segunda a sexta que chega a 2,1 milhões de exemplares, teve lucro de US$ 70,5 milhões no período, ante uma perda de US$ 2,29 bilhões em 2008, e uma diminuição de 72,3% nas despesas operacionais do segmento de publicações.
A divulgação da série de balanços, que ocorreu há algumas semanas, chegou mesmo a causar então uma pequena alta na cotação das ações de empresas jornalísticas abertas, que vinham sofrendo quedas consecutivas na Bolsa.
Nos EUA, o meio passa por um momento de redefinição por conta da crise causada pelo que especialistas chamam de "tempestade perfeita": um modelo de negócios insustentável iniciado nos anos 90, com a decisão de oferecer on-line de graça o mesmo conteúdo que é cobrado no papel; a migração lenta e ainda pouco significativa da publicidade do segundo meio para o primeiro; e a queda no volume de anúncios em geral, efeito da maior recessão das últimas décadas.
Além disso, e diferentemente das companhias europeias, por exemplo, as empresas jornalísticas norte-americanas eram até certo ponto inchadas. Um dos mais atingidos pela crise, quarto diário em tamanho de circulação mas com enfoque regional, o "Los Angeles Times" conta hoje com uma redação de 650 jornalistas. Em 2001, tinha o dobro de gente, ou o mesmo que o "New York Times" de hoje, que tem alcance nacional e cerca de setenta escritórios internacionais.
Outros perderam o foco ao longo dos anos, investindo em empresas de outros setores, das quais agora começam a se desfazer. A New York Times Company vendeu sua estação de rádio de música clássica por US$ 45 milhões e colocou à venda sua participação no New England Sports Ventures, dono do time de beisebol Red Sox.
Ainda assim, o meio jornal continua sendo a principal fonte de informação do país. Segundo levantamento feito em julho pela Scarborough Research a pedido da Newspaper Association of America (NAA), o número de adultos que leem jornal por semana nos Estados Unidos é de 128,5 milhões, ou 70,7% da população total de adultos do país.


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