São Paulo, quarta-feira, 02 de setembro de 2009

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Reação global impulsiona as exportações

Recuperação em parceiros comerciais ajuda o Brasil a vender mais, mas importações também crescem no mês

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O início da recuperação econômica dos principais parceiros comerciais do Brasil ajudou a balança comercial em agosto, que registrou o terceiro maior superavit do ano, com destaque para o aumento de 27,7% nas vendas para os Estados Unidos em relação ao mês de julho.
O saldo final das exportações ficou em US$ 3,074 bilhões em agosto, mas especialistas ressaltam que, apesar de o resultado mostrar uma tendência de retomada da produção nesses países, o crescimento nos embarques de produtos semimanufaturados (como insumos para indústria) ainda não reverte a retração do comércio.
"Ainda estamos exportando menos do que em 2008, mas em agosto tivemos uma reversão dessa tendência, com retomada de vendas em mercados que vinham registrando quedas consecutivas, incluindo a América Latina", afirmou o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.
Embora a retração persista em locais como África e Leste Europeu, aumentaram os embarques para a União Europeia e o Oriente Médio.
Mesmo considerando o crescimento das vendas como um movimento típico desta época do ano, na qual se intensifica a formação dos estoques, Barral lembrou que o crescimento da exportações frente a julho (7,2%) foi maior até mesmo que o registrado em 2008, quando o comércio mundial ainda estava aquecido. "Mesmo com a bolha das commodities no ano passado, a evolução entre os meses em 2009 foi maior", disse.
Para o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, apenas o resultado do mês passado não é suficiente para deixar os exportadores brasileiros otimistas.
"O número surpreendeu positivamente e proporcionou um superavit acima do esperado, mas é preciso olhar com cuidado, porque muito desse aumento [nas exportações] tem a ver com elevação de preços, e não de quantidade."
Segundo Castro, o comércio em agosto ajudou a balança mas não a economia brasileira, pois o país continua muito dependente das vendas de commodities, e a indústria nacional permanece sem mercado.
"Continuamos a esperar uma recuperação verdadeira do resto do mundo. Mesmo que o aumento dos semimanufaturados tenha sido grande, eles representam só 13,5% da exportação."
A coordenadora do Centro de Estudos de Comércio Exterior da FGV, Lia Valls, aponta ainda o fato de que parte das exportações de insumos acontece entre subsidiárias de multinacionais e suas respectivas matrizes.
"O problema para os produtos industrializados nacionais continua sendo o câmbio e a retração das compras de bens acabados pelos países consumidores", explicou Valls.
A pesquisadora lembra que o câmbio valorizado e a recuperação brasileira levou ao crescimento das importações em agosto, mês com maior média diária de compras em 2009. "É preciso ter atenção com o cenário de importações, que está mudando e registrando aumento consistente", diz Castro.


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