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Reação global impulsiona as exportações
Recuperação em parceiros comerciais ajuda o Brasil a vender mais, mas importações também crescem no mês
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O início da recuperação econômica dos principais parceiros comerciais do Brasil ajudou
a balança comercial em agosto,
que registrou o terceiro maior
superavit do ano, com destaque
para o aumento de 27,7% nas
vendas para os Estados Unidos
em relação ao mês de julho.
O saldo final das exportações
ficou em US$ 3,074 bilhões em
agosto, mas especialistas ressaltam que, apesar de o resultado mostrar uma tendência de
retomada da produção nesses
países, o crescimento nos embarques de produtos semimanufaturados (como insumos
para indústria) ainda não reverte a retração do comércio.
"Ainda estamos exportando
menos do que em 2008, mas
em agosto tivemos uma reversão dessa tendência, com retomada de vendas em mercados
que vinham registrando quedas
consecutivas, incluindo a América Latina", afirmou o secretário de Comércio Exterior do
Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral.
Embora a retração persista
em locais como África e Leste
Europeu, aumentaram os embarques para a União Europeia
e o Oriente Médio.
Mesmo considerando o crescimento das vendas como um
movimento típico desta época
do ano, na qual se intensifica a
formação dos estoques, Barral
lembrou que o crescimento da
exportações frente a julho
(7,2%) foi maior até mesmo que
o registrado em 2008, quando o
comércio mundial ainda estava
aquecido. "Mesmo com a bolha
das commodities no ano passado, a evolução entre os meses
em 2009 foi maior", disse.
Para o vice-presidente da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, apenas o resultado do mês passado não é suficiente para deixar os exportadores brasileiros otimistas.
"O número surpreendeu positivamente e proporcionou
um superavit acima do esperado, mas é preciso olhar com
cuidado, porque muito desse
aumento [nas exportações]
tem a ver com elevação de preços, e não de quantidade."
Segundo Castro, o comércio
em agosto ajudou a balança
mas não a economia brasileira,
pois o país continua muito dependente das vendas de commodities, e a indústria nacional
permanece sem mercado.
"Continuamos a esperar uma
recuperação verdadeira do resto do mundo. Mesmo que o aumento dos semimanufaturados
tenha sido grande, eles representam só 13,5% da exportação."
A coordenadora do Centro de
Estudos de Comércio Exterior
da FGV, Lia Valls, aponta ainda
o fato de que parte das exportações de insumos acontece entre
subsidiárias de multinacionais
e suas respectivas matrizes.
"O problema para os produtos industrializados nacionais
continua sendo o câmbio e a retração das compras de bens
acabados pelos países consumidores", explicou Valls.
A pesquisadora lembra que o
câmbio valorizado e a recuperação brasileira levou ao crescimento das importações em
agosto, mês com maior média
diária de compras em 2009. "É
preciso ter atenção com o cenário de importações, que está
mudando e registrando aumento consistente", diz Castro.
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