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Importação avança e derruba previsão de saldo comercial
Superávit em setembro caiu 22%; governo reduz estimativa para US$ 40 bi no ano
Projeção inicial era de saldo de US$ 45 bi; para Miguel Jorge, importante é que importação se concentra em equipamentos e máquinas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O crescimento acentuado
das importações, em ritmo
bem superior ao das exportações, provocou uma queda de
22,3% no superávit da balança
comercial no mês passado. O
saldo comercial chegou a US$
30,95 bilhões no acumulado do
ano, uma queda de 9,5% em relação ao período de janeiro a setembro de 2006.
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse ontem em evento em São Paulo
que o ministério já trabalha
com uma expectativa menor de
superávit comercial. Segundo
ele, a previsão inicial de US$ 45
bilhões foi revista para "algo
por volta de US$ 40 bilhões".
"O que é importante na redução [do saldo] que está havendo
-ou no aumento das importações, nós preferimos ver por esse lado- é que o principal item
da pauta está sendo importação
de bens de equipamentos e máquinas, e não de bens de consumo", destacou o ministro.
Reforçadas pela venda de
duas plataformas da Petrobras
e 25 aviões da Embraer, as exportações fecharam os nove
primeiros meses do ano em
US$ 116,6 bilhões, contra US$
85,65 bilhões das importações.
No ano, as vendas ao exterior
cresceram 15,5%, enquanto as
importações apresentaram variação de 28,3% a mais na comparação com o ano passado.
O resultado de setembro é recorde histórico de exportações
para o mês. A média de importações por dia útil também foi
recorde no mês passado.
Segundo o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, o aumento das importações deve resultar num superávit comercial neste ano "substancialmente" menor do que
no ano passado, em torno de
US$ 40 bilhões.
"O saldo comercial será substancialmente menor do que no
ano passado. A segunda fase da
política industrial deve vir para
isso, um dos objetivos é estimular as exportações", disse.
Segundo pesquisa feita pelo
Banco Central com cerca de
cem analistas do setor privado,
a expectativa do mercado é que
a balança comercial tenha um
saldo positivo de US$ 42 bilhões neste ano -um pouco
abaixo, portanto, dos US$ 46,5
bilhões de 2006.
A projeção do mercado para
o superávit deste ano já chegou
a US$ 43,8 bilhões, mas foi reduzida diante da expectativa
crescimento um pouco mais
acentuado das importações.
Meta
A corrosão do superávit comercial não deve atrapalhar a
meta do governo de atingir US$
155 bilhões nas exportações
deste ano, de acordo com especialistas, porque o país consolidou alguns mercados e pulverizou a pauta de produtos, o que
dilui o risco de queda brusca
das exportações.
Para Luiz Afonso Lima, presidente da Sobeet (Sociedade
Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica), "as
exportações brasileiras desafiaram a lei da gravidade" e continuam crescendo por inovação
e investimentos das empresas.
"As exportações perderam a
sensibilidade em relação ao
câmbio (...) Não são produtos
simples que estamos exportando para os países periféricos,
mas de média e alta tecnologia", afirma.
Segundo o economista-chefe
do Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial), Edgard Pereira, as exportações de produtos manufaturados pagarão o preço da valorização do real.
A queda deve ser compensada, porém, pelos preços de
commodities agrícolas e metálicas, que estão aquecidos por
causa da alta demanda registrada em países asiáticos. "Isso decorre do perfil das exportações
brasileiras, com produtos em
alta no mercado internacional", disse.
Importações
Segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, os
bens de capital representam
20,9% das importações brasileiras de janeiro a setembro
deste ano, e as matérias-primas, 49,9%. "Essas são importações do bem. Importações de
bens do bem", brincou Meziat.
Com VERIDIANA SEDEH ,
colaboração para a Folha
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