|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Importações preocupam economistas
Para especialistas, entrada de produtos do exterior ajuda a conter a inflação, mas acaba tomando espaço da produção local
Em relação ao saldo comercial, economistas afirmam que a redução neste ano ainda não traz grandes preocupações
VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O impacto do aumento das
importações na economia
-um dos principais fatores para a queda do superávit comercial- gera divergência entre os
economistas ouvidos pela Folha. A redução no saldo brasileiro, entretanto, ainda não
preocupa, segundo eles.
No acumulado do ano, a queda no superávit chega a 9,5%. O
ministro do Desenvolvimento,
Miguel Jorge, disse ontem que
trabalha com previsão menor
para o saldo em 2007, em torno
de US$ 40 bilhões, contra US$
45 bilhões do início do ano.
O professor da PUC-SP Antonio Correia de Lacerda considera "muito preocupante" a
elevação da entrada de produtos importados no país. "As importações estão ganhando espaço da produção local, e as exportações de maior valor agregado têm perdido espaço no
mercado internacional. Isso se
deve fundamentalmente à valorização do real diante do dólar, que tem prejudicado a capacidade do Brasil de ampliar as exportações de qualidade."
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação
de Comércio Exterior do Brasil), concorda: "Hoje é muito
mais barato importar do que
produzir aqui".
Já para o economista-chefe
do ABN Real, Alexandre
Schwartsman, as importações
estão reagindo, em grande parte, à aceleração da demanda doméstica. "Se não houvesse as
importações, essa demanda
não poderia estar crescendo
nesse ritmo", afirma.
O economista lembra que o
nível de utilização da capacidade instalada da indústria atingiu recorde, segundo levantamento da FGV. "A economia está produzindo no limite da
sua capacidade; na verdade, está estendendo, indo além de
sua capacidade. Não fossem as
importações, muito provavelmente a inflação já estaria muito alta para atender essa demanda doméstica."
A queda no saldo não oferece
riscos ao balanço de pagamentos. Ela é ruim mais pelo que sinaliza do que efetivamente pelo fato em si, diz Lacerda. "Nas
contas externas, ainda há uma
situação confortável." Segundo
o professor da PUC-SP, o Brasil
terá neste ano superávit em
conta corrente. "O saldo comercial é maior do que o déficit
na conta de serviços", explica.
Schwartsman diz que a redução no superávit "não é uma
coisa que deva tirar o sono de
ninguém". De acordo com o
economista, se a balança comercial apresentar superávit
por volta de US$ 42 bilhões, como o previsto pelo ABN, já haverá um saldo bastante expressivo em conta corrente.
"A redução do superávit comercial não é muito expressiva.
Isoladamente, ainda é um ótimo superávit", diz Castro.
Texto Anterior: Benjamin Steinbruch: Novo papel do mundo emergente Próximo Texto: Álcool eleva exportação de milho em 465% Índice
|