São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Importações preocupam economistas

Para especialistas, entrada de produtos do exterior ajuda a conter a inflação, mas acaba tomando espaço da produção local

Em relação ao saldo comercial, economistas afirmam que a redução neste ano ainda não traz grandes preocupações

VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O impacto do aumento das importações na economia -um dos principais fatores para a queda do superávit comercial- gera divergência entre os economistas ouvidos pela Folha. A redução no saldo brasileiro, entretanto, ainda não preocupa, segundo eles.
No acumulado do ano, a queda no superávit chega a 9,5%. O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse ontem que trabalha com previsão menor para o saldo em 2007, em torno de US$ 40 bilhões, contra US$ 45 bilhões do início do ano.
O professor da PUC-SP Antonio Correia de Lacerda considera "muito preocupante" a elevação da entrada de produtos importados no país. "As importações estão ganhando espaço da produção local, e as exportações de maior valor agregado têm perdido espaço no mercado internacional. Isso se deve fundamentalmente à valorização do real diante do dólar, que tem prejudicado a capacidade do Brasil de ampliar as exportações de qualidade."
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), concorda: "Hoje é muito mais barato importar do que produzir aqui".
Já para o economista-chefe do ABN Real, Alexandre Schwartsman, as importações estão reagindo, em grande parte, à aceleração da demanda doméstica. "Se não houvesse as importações, essa demanda não poderia estar crescendo nesse ritmo", afirma.
O economista lembra que o nível de utilização da capacidade instalada da indústria atingiu recorde, segundo levantamento da FGV. "A economia está produzindo no limite da sua capacidade; na verdade, está estendendo, indo além de sua capacidade. Não fossem as importações, muito provavelmente a inflação já estaria muito alta para atender essa demanda doméstica."
A queda no saldo não oferece riscos ao balanço de pagamentos. Ela é ruim mais pelo que sinaliza do que efetivamente pelo fato em si, diz Lacerda. "Nas contas externas, ainda há uma situação confortável." Segundo o professor da PUC-SP, o Brasil terá neste ano superávit em conta corrente. "O saldo comercial é maior do que o déficit na conta de serviços", explica.
Schwartsman diz que a redução no superávit "não é uma coisa que deva tirar o sono de ninguém". De acordo com o economista, se a balança comercial apresentar superávit por volta de US$ 42 bilhões, como o previsto pelo ABN, já haverá um saldo bastante expressivo em conta corrente.
"A redução do superávit comercial não é muito expressiva. Isoladamente, ainda é um ótimo superávit", diz Castro.


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