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GLOBALIZAÇÃO
Com bebida em alta no exterior, governo quer impedir que nome seja usado por fabricantes de Cuba e do México
País lança programa de certificação da cachaça no mundo
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Os ministros Luiz Fernando
Furlan (Desenvolvimento) e Roberto Rodrigues (Agricultura)
lançam nos próximos dias um
programa de certificação da cachaça elaborado pelo Inmetro
(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial) para dar garantia de
qualidade ao produto.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento, trata-se de mais
um passo dado pelo governo com
o objetivo de conseguir para a cachaça a chamada denominação
de origem, uma classificação internacional concedida pela OMA
(Organização Mundial da Agricultura) para determinar que o
nome "cachaça" se refira exclusivamente às aguardentes produzidas no Brasil.
O objetivo é o de dar à cachaça o
mesmo "status" do champanhe,
cujo nome só pode ser usado nos
espumantes produzidos na região
de Champanhe, na França. Como
a cachaça tornou-se um produto
muito popular, embalada no sucesso internacional da caipirinha,
vários países, como México e Cuba, produzem aguardentes e
usam também o nome "cachaça".
O trabalho de tentar obter o registro na OMA está sendo coordenado no governo pelos ministros
Furlan e Roberto Rodrigues, com
o apoio do Itamaraty. Furlan quer
que a cachaça seja um produto genuinamente brasileiro.
De acordo com dados da Abrade (Associação Brasileira de Bebidas), a cachaça é a primeira bebida destilada mais consumida no
Brasil e a terceira no ranking
mundial. O produto tem grande
potencial exportador e, em razão
disso, o nome "cachaça" é utilizado por diversos países.
O Brasil produz cerca de 1,5 bilhão de litros de cachaça por ano,
do qual apenas 15 milhões de litros (1% do total produzido) são
exportados. Nos últimos quatro
anos, o aumento médio das exportações foi de 10% ao ano. Existem no país 5.000 marcas de cachaça e 30 mil produtores, que geram cerca de 400 mil empregos
diretos e indiretos, segundo dados do setor.
O presidente do Inmetro, Armando Mariante, diz que o programa de certificação da cachaça
irá possibilitar aos fabricantes da
aguardente terem um certificado
do órgão garantindo que o produto segue os padrões de qualidade.
Ou seja, livre de substâncias nocivas à saúde, de acordo com as
normas internacionais.
Segundo Mariante, se o Brasil
quiser ter acesso a canais de comercialização mais sofisticados,
terá de comprovar qualidade de
seus produtos.
O trabalho do Inmetro, segundo Mariante, será o de examinar
se a cachaça está ou não isenta de
produtos tóxicos para receber o
selo de qualidade do instituto. O
Inmetro goza de prestígio e reconhecimento de vários institutos
internacionais, que lhe dão credibilidade para atestar a qualidade
do produto.
O Inmetro possui 700 laboratórios vinculados ao instituto no
país habilitados para fazer a certificação. Mariante diz, ainda, que o
programa a ser lançado pelo Inmetro terá um caráter voluntário,
não compulsório, como ocorre
com alguns produtos, como o
preservativo. Ou seja, não será
obrigatório ao fabricante da cachaça se submeter ao Inmetro para vender seu produto.
Preço
Segundo Mariante, mais uma
das principais conseqüências do
certificado será certamente o aumento de preço da cachaça no
mercado internacional. De acordo com ele, não faz sentido uma
garrafa de vodca ou de rum custar
20 ou 30, e uma de cachaça,
2. "Nós produzimos cachaça da
melhor qualidade", diz Mariante.
Juan Quirós, presidente da
Apex (Agência Especial de Promoção de Exportações), afirma
que estão sendo investidos R$ 9
milhões ao ano para intensificar a
presença da cachaça no mundo.
Segundo ele, as exportações de cachaça neste ano devem somar
US$ 15 milhões. Os principais
mercados da cachaça a serem explorados pelo Brasil, segundo
Quirós, são Alemanha, Itália, Portugal, França, Espanha, Reino
Unido, Canadá e Estados Unidos.
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