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VIZINHO EM CRISE
Proposta prevê desembolso maior quando PIB superar expectativa
Argentina anuncia plano para pagar a credor privado
SILVANA ARANTES
DE BUENOS AIRES
O governo argentino anunciou
ontem um plano de reestruturação de sua dívida com credores
privados -que está em moratória desde dezembro de 2001.
A proposta vincula o pagamento do montante principal ao crescimento do país; tenta favorecer o
pequeno investidor (detentores
de bônus de até US$ 50 mil terão
preferência na troca pelos melhores papéis); reduz o número de títulos (de 152 para nove), legislações (de oito para quatro) e moedas envolvidas (de seis para quatro) e procura dar prova de "boa-fé" com os credores, como quer o
FMI (Fundo Monetário Internacional), para aprovar a revisão de
metas do país.
O documento de 160 páginas foi
entregue em Nova York à SEC
(Securities and Exchange Commission, órgão norte-americano
equivalente à Comissão de Valores Mobiliários), cujo aval é necessário para fazer a oferta da troca de papéis no mercado.
Em Buenos Aires, o ministro da
Economia, Roberto Lavagna, disse que "esta é uma reestruturação
para ser feita combinando o cumprimento de obrigações com o exterior com a necessidade de aumento do PIB [Produto Interno
Bruto] e de redução da pobreza e
do desemprego na Argentina".
O mecanismo de diminuição da
dívida proposto estabelece que,
toda vez que o PIB superar a estimativa original, 5% do excedente
será destinado à recompra de títulos. "Lamentavelmente, pela dívida de características excepcionais
que acumulamos nos últimos
anos, nosso país se converteu numa exceção, e não numa exceção
positiva", disse Lavagna, para
completar: "Isso requer que a
reestruturação também tenha características excepcionais". O
montante total da dívida abarcado pela proposta de ontem é de
US$ 81,8 bilhões.
Garantias
Foi incluída uma garantia futura
aos credores que aceitarem a proposta atual. A cláusula do "credor
favorecido" estabelece que, em
caso de nova oferta, num prazo de
até dez anos após o encerramento
dessa renegociação, quem aderiu
agora terá participação garantida.
Com esse expediente, o governo
estima diminuir a desconfiança
de credores que julgam que essa
ainda não é a proposta final do
Ministério da Economia, que estaria guardando uma "carta na
manga" para melhorar a oferta,
diante de resistências.
O prazo estimado de pagamento é de 30 anos, valendo a partir de
2005 (como ano de referência).
Lavagna disse que espera iniciar a
oferta da troca de títulos no próximo dia 29 e encerrá-la em 17 de janeiro. Equipe do Ministério da
Economia apresentará a proposta
na Europa (Itália, Alemanha, Japão e Luxemburgo), onde se concentram os principais credores
externos.
As emissões previstas são de
US$ 38,5 bilhões (caso menos de
70% dos credores aceitem a oferta) e de US$ 41,8 bilhões, se a aceitação for superior a 70%.
A nova proposta também reconhece os juros pré-moratória, que
haviam sido descartados no projeto de renegociação apresentado
em Dubai, em setembro de 2003,
feito sem negociações prévias
com os credores. O secretário de
Finanças, Guillermo Nielsen, afirmou que a atual reestruturação
foi feita com o amparo de "mais
de 70 reuniões, com diversos credores, de diferentes países".
O principal índice da Bolsa de
Buenos Aires subiu 2,12%. O dólar fechou em baixa de 0,33%.
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