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Importações do país batem recorde histórico
Com dólar fraco e economia em expansão, entraram no mês passado US$ 12,3 bi em mercadorias produzidas no exterior
Total importado em dez meses de 2007 já supera todo o volume de 2006;
exportações crescem 24%, mas saldo se desacelera
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil nunca importou tanto. Em outubro, ingressaram
US$ 12,3 bilhões em mercadorias produzidas em outros países, novo recorde mensal histórico. Em tempos de dólar fraco
e economia em expansão, as
importações cresceram 41,1%
na comparação com igual mês
do ano passado e o total importado em dez meses de 2007 já
supera todo o volume de 2006.
No outro lado da balança comercial, a despeito do câmbio
desfavorável, o governo anunciou nova projeção para as exportações. O número passou de
US$ 155 bilhões para US$ 157
bilhões no acumulado de 2007.
Outubro reforça a tendência
de deterioração do saldo do comércio exterior vista desde o
primeiro semestre. No mês, o
resultado foi 12,9% menor que
o de outubro de 2006, ficando
em US$ 3,439 bilhões. O salto
das importações é visto como a
causa principal dessa piora.
"O dólar fraco começa a ter
efeitos mais explícitos no comércio exterior. Temos visto o
aumento das importações, que
tem avançado em linha com o
câmbio favorável, o crescimento da economia e o aumento da
renda", diz o professor de economia da USP Fábio Kanczuk.
Ele diz que esse movimento já
era esperado há alguns meses.
"Mas os bons resultados nas exportações adiaram o fato."
Nas gôndolas dos supermercados, importados estão cada
vez mais presentes. Isso já incomoda alguns setores da indústria nacional. O vice-presidente da AEB (Associação de
Comércio Exterior do Brasil),
José Augusto de Castro, diz que
voltaram as reclamações sobre
uma suposta "invasão de importados". Têxteis, móveis e
calçados lideram as queixas.
Para os próximos anos, a tendência é que os brasileiros tenham cada vez mais importados no carrinho de compras. O
economista-chefe da Funcex
(Fundação Centro de Estudos
do Comércio Exterior), Fernando Ribeiro, aposta que a importação de bens de consumo
-que vão de canetas a carros-
vai crescer fortemente até o final da década.
Segundo ele, o Brasil compra
anualmente cerca de US$ 12 bilhões nesses itens. "Apesar de o
valor ter crescido fortemente
nos últimos anos, o número
mostra apenas uma recuperação em relação aos anos 90. Em
1998, importamos mais de US$
10 bilhões." Diante desse cenário, ele aposta que a importação
de bens de consumo vai atingir
a casa de US$ 20 bilhões até o
final desta década.
Exportações
A despeito do dólar fraco, as
exportações continuam em trajetória ascendente. No mês
passado, foram embarcados
US$ 15,769 bilhões, valor
24,27% maior que o registrado
em igual período de 2006 e novo recorde mensal histórico. O
resultado fez o Ministério do
Desenvolvimento elevar para
US$ 157 bilhões a projeção para
as exportações no ano.
A alta dos preços internacionais, a demanda global aquecida e a conquista de novos mercados explicam o bom resultado. Mas o novo número foi considerado "tímido" pelos especialistas ouvidos pela Folha.
Para Ribeiro, o ano deve terminar com embarques de US$
158,5 bilhões.
O governo também projeta
saldo comercial de US$ 40 bilhões para o ano. O número
coincide com as projeções do
mercado. Castro diz também
apostar nesse patamar, mas
lembra que o número é menor
que as projeções ouvidas no
primeiro semestre. "O governo
já apostou em saldo de US$ 45
bilhões, mas o número caiu pelo avanço das importações."
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