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Leilão de estradas será contestado
ANTT confirma resultado de leilão, o que libera dados de proposta vencedora
Uma das derrotadas diz que irá contestar tarifa proposta pela espanhola OHL, muito abaixo das concorrentes e que considera "inexequível"
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de dois adiamentos, a
ANTT (Agência Nacional de
Transportes Terrestres) confirmou ontem o resultado do
leilão de sete trechos de concessão de rodovias federais,
com tarifas bem menores das
que vigoram nas rodovias privatizadas anteriormente. Cinco dos sete trechos foram ganhos pela espanhola OHL.
O ato, que declara as vencedoras do leilão do mês passado
aptas a assumir as estradas brasileiras, abre caminho para que
os consórcios derrotados tenham acesso aos documentos e
detalhes das propostas vencedoras e recorram da decisão.
A PRC Vias adiantou que irá
contestar a tarifa proposta pelos espanhóis, cerca de 50%
abaixo da que apresentou para
disputar um dos trechos licitados em outubro. "O governo
deu um sinal de que não está
preocupado com preço inexequível", reclamou Danilo Pita,
representante da concessionária, que disputou o trecho entre
Curitiba e Florianópolis.
"Todos os concorrentes vão
estudar como os espanhóis
conseguiram apresentar preços tão baixos, deve haver alguma mágica", completou.
Depois do recurso à comissão
de outorga da agência reguladora, ainda caberá recurso à
Justiça. O cronograma oficial
prevê a conclusão do processo
só em janeiro de 2008, com a
apresentação de garantia de
execução do contrato. Mas esse
prazo está sujeito a mudanças.
A partir de segunda-feira, os
consórcios derrotados poderão
ter acesso à proposta comercial
da OHL e dos consórcios BR
Vias e Acciona, vencedores dos
sete trechos privatizados na segunda etapa de concessões de
rodovias federais. Os documentos estarão disponíveis no endereço eletrônico da ANTT. Os
recursos deverão ser encaminhados à agência até sexta.
As tarifas básicas dos consórcios vencedores variaram de R$
0,997 a R$ 2,940, dependendo
do trecho, muito inferiores às
tarifas nos primeiros trechos
privatizados, entre R$ 3,50 e R$
7,80. O pedágio mais caro é o da
Nova Dutra (São Paulo-Rio).
No leilão, a espanhola OHL
apresentou preços até 65,42%
abaixo da tarifa máxima fixada
pelo governo. Foi o caso da Fernão Dias (BR-381, entre Belo
Horizonte e São Paulo). A rodovia terá o menor pedágio entre
as estradas privatizadas brasileiras. A empresa ganhou trechos que somam 2.078 quilômetros de estradas no país.
Com a confirmação do leilão
pela ANTT, o governo supostamente supera a apreensão inicial de que a OHL não pudesse
cumprir suas propostas.
Após o leilão, o TCU (Tribunal de Contas da União) mandou a ANTT reavaliar os contratos de concessão de rodovias
privatizadas nos anos 1990 e
que garantem rentabilidade
entre 17% e 24% ao ano. Os percentuais de lucro foram considerados inaceitáveis pelo tribunal em um cenário de economia estável. A ANTT, porém,
não viu motivos para rever os
contratos.
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