São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2008

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Economista sugere "FMI asiático" como passo para adotar moeda única na região

DA ENVIADA ESPECIAL À CORÉIA DO SUL

Na opinião do premiado economista Inchul Kim, os países asiáticos precisam se unir para enfrentar os problemas que a globalização impõe. A constituição de uma entidade nos moldes do FMI (Fundo Monetário Internacional) seria o primeiro passo para a eliminação de fronteiras entre as nações da região, além de culminar com a adoção de uma moeda comum, defendida por ele.
Doutor pela Universidade de Chicago, interlocutor de integrantes do governo coreano e professor da Universidade Sung Kyun Kwan, o economista Kim concedeu a seguinte entrevista à Folha.

 

FOLHA - Segundo os especialistas, a Ásia não vai sofrer, desta vez, tanto quanto na crise de 1997. O que o continente deve fazer para navegar melhor pelas turbulências?
INCHUL KIM -
Creio que os países deveriam criar um clube para trocar informações e um fundo como o FMI.

FOLHA - Essa intenção foi aventada na cúpula da região no final de semana passado e rejeitada.
KIM -
Demora, demora. Porém, a ordem financeira mundial está em discussão agora, dando espaço para novas iniciativas. Eu diria que é obrigatório que as nações asiáticas tenham um banco de investimento regional tanto para garantir recursos em tempos de problemas quanto para apoiar projetos no campo energético [por exemplo]. Não se consegue muito vivendo sozinho. Juntos, podemos fazer mais. A longo prazo, poderíamos seguir o exemplo da União Européia e adotar uma moeda comum. Não se tornará realidade antes de cinco ou dez anos, porém ajudaria muito a evitar os danos que acontecem nas crises financeiras que ocorrem uma vez a cada cem anos, como esta, na qual a moeda coreana está sendo atacada.

FOLHA - Quais países utilizariam a moeda comum?
KIM -
A princípio, Japão, China e Coréia do Sul. Eu até proponho um nome para essa divisa: Asiro. Asi vem de Ásia e "ro", em chinês, significa caminho ou portão. Então, Asiro quer dizer "caminho para a Ásia". E o som também lembra o da moeda européia, o euro.

FOLHA - Mas a China tem um regime cambial diferente dos demais, com um controle maior do governo sobre a variação da moeda. Será possível convencer o país a abraçar uma política em acordo com a Coréia do Sul e o Japão?
KIM -
Como já disse, uma idéia como essa demora para ser amadurecida, obviamente. Porém, não existe outro caminho a não ser nos unirmos.

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