São Paulo, domingo, 3 de janeiro de 1999

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HORA DA DECISÃO
Administrador descarta criar empresa

Desempregado prefere esperar oferta de emprego fixo a se arriscar em negócio próprio


da Reportagem Local

Desempregado há três meses, o administrador de empresas Luis Cimino, de 30 anos, é um exemplo da mudança de comportamento entre os executivos. Cimino não se entusiasma com a perspectiva de se tornar empresário.
"Vou guardar a indenização e esperar a recolocação profissional. Iniciar uma empresa do zero hoje em dia é muito arriscado."
Assim como ocorre com a maior parte dos executivos que procuram as empresas de recolocação profissional, Cimino aceita até ganhar menos para voltar a ter carteira de trabalho assinada.
"Eu ganhava cerca de R$ 5 mil, mas nas entrevistas que estou tendo com as empresas já me dispus a receber R$ 4 mil por mês. É melhor estar empregado do que fora do mercado de trabalho."
Cimino trabalhou seis anos como gerente financeiro e da divisão de transporte da cooperativa de funcionários da Eletropaulo. Ele perdeu emprego quando sua seção foi desativada.
Agora, faz uma dupla aposta: ao mesmo tempo em que se prepara para fazer mestrado para investir na carreira, reservou economias para uma emergência."Se a recolocação demorar demais vou abrir uma franquia."
Conseguir um novo emprego está demorando, em média, seis meses, de acordo com as empresas de recolocação de executivos. Antes da crise asiática, demorava-se menos de quatro meses.
"O profissional pode até conseguir uma vaga pior do que a de antes, mas, de modo geral, acaba obtendo novo emprego", diz Ricardo Xavier, da Manager.
Segundo o economista Márcio Pochmann, da Unicamp, o emprego de carteira assinada para quem tem diploma universitário está cada vez mais escasso.
Entre 1989 e 1997, houve queda de 22% no número de vagas com carteira assinada para profissionais com renda acima de 14 salários mínimos por mês. O número de postos para técnicos com renda mensal entre oito e 14 salários mínimos caiu 29%, e as ofertas para quem ganha de cinco a oito mínimos diminuíram 26%.
"Está havendo uma segunda onda de cortes", diz Pochmann. No início da década de 90, houve diminuição no nível hierárquico nas empresas. Agora, a tendência de fusões e aquisições está levando as empresas a diminuir o quadro de pessoal. (RG)



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