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Vaga com carteira assinada é cada vez mais difícil
da Reportagem Local
O emprego com carteira assinada tende a se tornar mercadoria
cada vez mais escassa. Segundo os
especialistas, as dificuldades da
classe média em encontrar emprego não estão limitadas aos efeitos
da crise econômica.
"As pessoas têm resistência a trabalhar sem ter a garantia do salário
no final do mês, mas essa é uma
tendência internacional. Os empregos tradicionais não voltam
mais", diz Luiz Carlos Cabrera, sócio da empresa de contratação de
executivos PMC-Amrop.
Em todo o mundo, as companhias estão diminuindo seu quadro de pessoal e trabalhando com
empresas prestadoras de serviço.
O maior empregador dos Estados
Unidos, no momento, é uma empresa que recruta mão-de-obra para trabalhos temporários.
Praticamente todas as cem maiores empresas norte-americanas diminuíram seu quadro de pessoal
na última década e passaram a trabalhar com fornecedores e prestadores de serviços terceirizados.
"No passado, a pessoa apostava
em um aprendizado profissional
dirigido pela empresa. Hoje a carreira é propriedade do indivíduo, é
ele quem responde pelo seu futuro
profissional", diz Cabrera.
Os estudantes universitários já
perceberam a tendência, segundo
pesquisa da Companhia de Talentos, maior empresa brasileira especializada no recrutamento de trainees.
A companhia ouviu 589 alunos
das sete maiores faculdades de engenharia e de administração de
empresas de São Paulo.
Cerca de 18% dos estudantes
querem pular direto da faculdade
para a abertura de negócio próprio. Outros 6% já têm sua própria
empresa.
"Os estudantes sabem que está
cada vez mais difícil conseguir um
emprego com carteira assinada
numa grande empresa e por isso
buscam alternativas profissionais", diz Sofia Esteves, sócia da
Companhia de Talentos.
O número de recém-formados
aumenta mais rápido do que a
oferta de empregos. Só as universidades federais formaram 52 mil
pessoas em 1997, quase dez mil a
mais do que em 1994.
Quando empresas como a Gessy
Lever ou o Citibank abrem concurso para trainees, fica evidente a dificuldade em se obter uma boa colocação. As provas das grandes
empresas costumam reunir 4.000
candidatos na disputa por 20 vagas.
A ironia é que boa parte das vagas não é preenchida porque a formação dos estudantes é falha ou
porque o nível de exigência das
empresas é muito alto. Já existem
algumas companhias exigindo,
além do domínio do inglês, o conhecimento de espanhol.
Apertados pela disputa crescente
entre os colegas e as exigências cada vez maiores das empresas, os
candidatos a trainee procuram alternativas para se destacar. A
maior parte adia a saída da casa
dos pais para continuar estudando. "Boa parte dos estudantes se
forma e logo faz uma especialização no exterior para melhorar o
currículo", diz Sofia Esteves.
(RG)
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