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Lula estuda isentar IPI a "conta-gotas" até dezembro
Governo avalia extensão do benefício para "salvar" PIB
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar obter um PIB
(Produto Interno Bruto) positivo em 2009, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva poderá
prorrogar a isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a compra de
veículos até o fim do ano. O governo, porém, não admitirá publicamente essa possibilidade
até tomar uma decisão e até o
vencimento da atual prorrogação, no final de junho.
Em conversas reservadas,
Lula tem dito que deseja um
PIB positivo em 2009. Mira em
2% de crescimento em relação
a 2008, mas sabe que será difícil. Auxiliares mais realistas falam em uma taxa entre 1 e 2
pontos se a economia brasileira
surpreender positivamente a
partir do segundo semestre.
Para Lula, é uma questão de
honra evitar "PIB zero" ou PIB
negativo. Toda a sua retórica
anticrise tem sido baseada na
avaliação de que o Brasil sofrerá menos do que a grande maioria dos países.
Mais: há um cálculo político
na avaliação presidencial. Ele
deseja ter discurso contra a
oposição para chegar a 2010
com argumentos que lhe permitam defender o seu governo
e a eventual candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff, à Presidência.
Quando decidiu no início de
março que renovaria a prorrogação do IPI, Lula disse a auxiliares que a medida tinha sido
uma das mais bem-sucedidas
no combate aos efeitos da crise.
O mercado automobilístico
tem sustentado um excelente
número de vendas.
A cadeia de produção de veículos emprega muita mão de
obra intensiva e é longa -afeta
outros setores e gera muitos
empregos. Nesse contexto, Lula avalia que a proteção ajuda a
dar uma indicação geral para a
economia, pois preserva um setor importante, e evita uma
grande onda de demissões.
A atual prorrogação do IPI
vale até o fim de junho. Lula
disse ao ministro da Fazenda,
Guido Mantega, que vai avaliar
o comportamento dos principais indicadores econômicos
para decidir por uma nova extensão do benefício.
Se houver uma sinalização
clara de recuperação geral no
segundo trimestre deste ano,
talvez não haja necessidade de
nova prorrogação do IPI. No
entanto, se os números gerais
da economia de abril a junho
forem desalentadores, há grande chance de nova prorrogação.
O mesmo raciocínio, diz um
auxiliar de Lula, aplica-se para
o desempenho no terceiro trimestre. Se os números não forem bons, o governo poderá dar
a isenção do IPI até o fim do
ano. Ao contrário do início de
março, não existe agora uma
decisão tomada de renovação.
Sindicalistas
Segundo a Folha apurou,
houve uma discussão no Palácio do Planalto na qual Lula cogitou uma prorrogação mais
longa do que três meses, fruto
de pressão de sindicalistas do
PT e da CUT (Central Única
dos Trabalhadores) que têm laços antigos de amizade com o
presidente. Eles sugeriram
prorrogação maior em troca da
garantia de empregos em 2009.
Mas a equipe econômica argumentou que a prorrogação
do IPI tem de ser vendida com
caráter de promoção temporária para surtir efeito. Se houvesse uma extensão até o fim
do ano, o consumidor poderia
adiar a compra, o que prejudicaria os números do segundo e
do terceiro trimestres. Outro
fator a levar em conta é que, a
cada prorrogação, o efeito sobre as vendas é cada vez menor.
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