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MUNDO EM CRISE
Exceção, Brasil exportou 6% mais em 2001
Comércio global sofre maior queda dos últimos 20 anos, afirma OMC
DO "FINANCIAL TIMES" E
DA REDAÇÃO
A queda na demanda por produtos de tecnologia da informação foi a causa principal para o
declínio do comércio mundial no
ano passado, e o estouro da "bolha" do setor resultará em crescimento mais lento do comércio
neste ano, segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio).
Em seu mais recente relatório
sobre o comércio internacional,
divulgado ontem, a OMC diz que
o valor das exportações mundiais
caiu 4%, para US$ 6,1 trilhões.
Trata-se do maior declínio registrado desde 1982.
A OMC prevê um fraco crescimento em volume de 1% no comércio mundial neste ano. As "perspectivas tímidas" para o setor de tecnologia da informação
tornam improvável uma recuperação mais forte, diz o órgão.
A queda acentuada nos setores
de viagens e turismo depois dos
atentados de 11 de setembro deprimiu o setor de serviços comerciais, que passou por queda de
1,5% -o primeiro declínio em
termos anuais desde 1983.
De acordo com as estatísticas, as
vendas mundiais de semicondutores tiveram queda de 29% no
ano passado. Os embarques de
computadores pessoais caíram
5% (a primeira queda desde 1985)
e as vendas de telefones móveis
passaram por um declínio de 3%,
depois de terem mais que duplicado nos dois anos precedentes.
A atividade econômica lenta na
Europa Ocidental, que responde
por mais de um terço do comércio mundial, foi outro fator desfavorável. A crise européia teve raízes basicamente domésticas, e
não resultou de atividade mais
fraca na economia norte-americana ou mundial, afirma a OMC.
Produção
Os economistas da OMC ressaltaram que, embora o comércio
internacional tradicionalmente
tenha crescido mais rápido do
que a produção, é provável que
essa diferença seja menor no futuro devido "às expectativas reduzidas de demanda e de crescimento dos investimentos no setor de tecnologia da informação".
Brasil
A despeito do declínio geral do
comércio internacional em 2001,
países como China, Índia e Brasil,
menos dependentes de exportações de produtos de tecnologia da
informação, registraram forte
avanço em suas exportações.
A China foi o quarto maior exportador mundial, depois de
União Européia, EUA e Japão, e
tornou-se também o quarto
maior importador do mundo.
O Brasil exportou 6% mais no
ano passado, enquanto as importações permaneceram estagnadas. O desempenho da América
Latina foi afetado pela crise da Argentina, cujas importações despencaram 20% no ano passado.
De acordo com a OMC, os países da América Latina reduziram
a dependência em commodities.
Há 30 anos, 90% do valor exportado pelos países da região era de
produtos agrícolas e outras commodities. Hoje esse percentual está em torno de 10%.
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