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Estudo para FGV pode causar rombo à União
WLADIMIR GRAMACHO
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo presidente da Anatel,
Luiz Guilherme Schymura, 41, diz
que é contra a concessão de ajuda
financeira do governo às empresas do setor, mas um estudo seu
pode provocar um rombo de R$
35 bilhões no caixa da União. Como professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, Schymura é co-autor de estudo que atualizou os valores de títulos emitidos no início do século
passado e que hoje estão sendo
utilizados na Justiça para pagamentos de dívidas de empresas
com o setor público.
O documento, assinado em parceria com o também professor
Clóvis de Faro, sustenta que cada
apólice de um conto de réis emitida em 1902 valeria atualmente R$
295.032,00. O trabalho de
Schymura tem sido usado por
grandes escritórios de advocacia
interessados em transformar títulos velhos em bons negócios.
A Advocacia Geral da União
(AGU) considera esses papéis inválidos e vem brigando na Justiça
para evitar que sejam aceitos na
quitação de dívidas.
Pareceres encomendados por
empresas são o maior vínculo de
Schymura com o setor privado.
Professor universitário de carreira, com mestrado (1985) e doutorado (1989) concluídos na FGV, o
economista poucas vezes interrompeu sua rotina de aulas e pesquisas para prestar consultorias.
Numa delas, encomendada pela
Kolynos em 1995, Schymura defendeu a concentração de mercado como forma de "beneficiar o
consumidor". O discurso tucano
sempre alegou que a competição
entre as empresas é que seria capaz de trazer essas vantagens.
Sobre a compra da Kolynos pela
Colgate, que passou a controlar
79% do mercado de creme dental,
Schymura disse que se tratava de
"concentração tecnicamente adequada, da qual advêm economias
de escala que irão, em última análise, beneficiar o consumidor,
desde que preservada a competitividade". O trabalho foi feito em
parceria com o ex-ministro Mário
Henrique Simonsen e o economista Augusto Jefferson Lemos.
Durante sua sabatina no Senado, Schymura voltou a defender
fusões e aquisições como forma
de resolver o problema da baixa
rentabilidade que afeta alguns setores da economia, entre eles o de
telecomunicações, a partir de hoje
sob sua responsabilidade.
"Fusão pode gerar solvência e
situação financeira mais confortável para novos investimentos,
que vão trazer melhorias para o
consumidor", afirmou.
Sem experiência na área de telecomunicações, Schymura enfrentou a oposição do ex-ministro das
Comunicações Pimenta da Veiga,
que queria efetivar no cargo o
presidente interino Antonio Carlos Valente. "Não acho que a
agência tenha que ser presidida
por alguém com 30 anos de experiência no setor. [Schymura" é especialista em microeconomia, e isso é fundamental", diz o economista Felipe Ohana, do Conselho
Consultivo da Anatel.
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