São Paulo, sexta-feira, 03 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NEGÓCIOS

Valor pago pelas ações da maior cervejaria local é de US$ 643 mi -US$ 346 mi em dinheiro e o resto em ativos

AmBev compra 37,5% da argentina Quilmes

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

A AmBev anunciou ontem a compra de 37,5% das ações da Quilmes, a maior cervejaria argentina, por US$ 643 milhões. O pagamento será feito em dinheiro e instalações.
Com o negócio, a AmBev, que controla 69% do mercado brasileiro, passa também a ser líder na Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai, além de atuar no Chile e na Venezuela.
Esse é o primeiro grande negócio da AmBev no exterior desde sua criação, em julho de 1999. A empresa, resultado da fusão da Brahma e da Antarctica, prometia tornar-se "uma grande multinacional verde-e-amarela", mas até agora só havia comprado participações em modestas cervejarias do Uruguai e do Paraguai.
Juntas, Quilmes e AmBev ultrapassariam a belga Interbrew e passariam a ser a terceira maior cervejaria do planeta. Elas ficariam atrás apenas da norte-americana Anheuser-Busch e da holandesa Heineken, que, segundo a AmBev, também disputavam a compra da Quilmes.
No entanto, o co-presidente da AmBev Victorio de Marchi admitiu que essa conta não está correta porque não se trata de uma fusão. A empresa apenas comprou parte da Quilmes.
Essa também foi a primeira grande aquisição de uma empresa argentina por uma companhia estrangeira desde que o país decretou a moratória da dívida externa e desvalorizou o peso. Para De Marchi, "a Argentina passa apenas por uma fase de ajustes e possui potencial humano para se recuperar rapidamente".
A Ambev vai pagar US$ 346 milhões em dinheiro. O restante será pago em fábricas da AmBev na Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, que serão incorporadas pela Quilmes. As duas empresas esperam uma economia de cerca de US$ 20 milhões por ano com a parceria acertada.
Os controladores da Quilmes ganharam o direito de preferência para trocar todas as suas ações por papéis da AmBev nos próximos sete anos e se tornarem sócios, e não apenas parceiros.
O negócio ainda precisa ser aprovado pelas autoridades de proteção à concorrência do mercado argentino. A expectativa é de que a compra seja aprovada em cerca de 90 dias.
A gestão da Quilmes continuará com a família Bemberg. No entanto, a AmBev e a família terão o mesmo número de membros no conselho de administração.
A AmBev deve começar a distribuir as cervejas da Quilmes no Brasil -Iguana, Becker, Baviera e Quilmes.



Texto Anterior: O vaivém das commodities
Próximo Texto: Para analista, brasileira fez boa compra
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.