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NEGÓCIOS
Valor pago pelas ações da maior cervejaria local é de US$ 643 mi -US$ 346 mi em dinheiro e o resto em ativos
AmBev compra 37,5% da argentina Quilmes
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
A AmBev anunciou ontem a
compra de 37,5% das ações da
Quilmes, a maior cervejaria argentina, por US$ 643 milhões. O
pagamento será feito em dinheiro
e instalações.
Com o negócio, a AmBev, que
controla 69% do mercado brasileiro, passa também a ser líder na
Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai, além de atuar no Chile e na
Venezuela.
Esse é o primeiro grande negócio da AmBev no exterior desde
sua criação, em julho de 1999. A
empresa, resultado da fusão da
Brahma e da Antarctica, prometia
tornar-se "uma grande multinacional verde-e-amarela", mas até
agora só havia comprado participações em modestas cervejarias
do Uruguai e do Paraguai.
Juntas, Quilmes e AmBev ultrapassariam a belga Interbrew e
passariam a ser a terceira maior
cervejaria do planeta. Elas ficariam atrás apenas da norte-americana Anheuser-Busch e da holandesa Heineken, que, segundo a
AmBev, também disputavam a
compra da Quilmes.
No entanto, o co-presidente da
AmBev Victorio de Marchi admitiu que essa conta não está correta
porque não se trata de uma fusão.
A empresa apenas comprou parte
da Quilmes.
Essa também foi a primeira
grande aquisição de uma empresa
argentina por uma companhia estrangeira desde que o país decretou a moratória da dívida externa
e desvalorizou o peso. Para De
Marchi, "a Argentina passa apenas por uma fase de ajustes e possui potencial humano para se recuperar rapidamente".
A Ambev vai pagar US$ 346 milhões em dinheiro. O restante será
pago em fábricas da AmBev na
Argentina, Bolívia, Paraguai e
Uruguai, que serão incorporadas
pela Quilmes. As duas empresas
esperam uma economia de cerca
de US$ 20 milhões por ano com a
parceria acertada.
Os controladores da Quilmes
ganharam o direito de preferência
para trocar todas as suas ações
por papéis da AmBev nos próximos sete anos e se tornarem sócios, e não apenas parceiros.
O negócio ainda precisa ser
aprovado pelas autoridades de
proteção à concorrência do mercado argentino. A expectativa é de
que a compra seja aprovada em
cerca de 90 dias.
A gestão da Quilmes continuará
com a família Bemberg. No entanto, a AmBev e a família terão o
mesmo número de membros no
conselho de administração.
A AmBev deve começar a distribuir as cervejas da Quilmes no
Brasil -Iguana, Becker, Baviera e Quilmes.
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