|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Medida põe em
alerta governo
da Argentina
DE BUENOS AIRES
Embora menos dependente
de importação de gás do que o
Brasil, em termos de volume, o
anúncio da nacionalização dos
hidrocarbonetos por Evo Morales pôs em alerta a Casa Rosada porque acontece em meio à
negociação entre Bolívia e Argentina para elevar o envio do
combustível ao vizinho.
A expansão do abastecimento boliviano é estratégica para
os argentinos, que estão perto
do limite de exploração própria
de gás, que começa a faltar no
mercado interno. A situação é
agravada pela alta da demanda
(crescimento do PIB de mais de
8% nos últimos três anos).
Hoje, a Bolívia envia à Argentina por dia até 5 milhões de m3
de gás -cerca de 3% do consumo diário argentino. O acordo
vigente entre os países permite
chegar a um teto de até 7,7 milhões de m3/dia.
O principal ministro de
Kirchner, Julio de Vido (Planejamento), foi a La Paz na semana passada negociar a ampliação do acordo de abastecimento, que vence no fim do ano.
Além do futuro do acordo, o
problema para o país é que a
capacidade dos gasodutos hoje
instalados já está esgotada e o
anúncio de Morales congelará
por pelo menos seis meses investimentos privados para sua
expansão, avaliaram pessoas ligadas ao governo e empresários na imprensa argentina.
Na prática, a perspectiva da
eleição de Morales já postergou
investimentos. A construção
de gasoduto no noroeste argentino, para trazer mais gás da
Bolívia, que contava com participação da Repsol-YPF, foi
anunciada há dois anos, mas
ainda não saiu do papel.
Até a noite de ontem, o governo Kirchner havia escolhido
ser cauteloso e não dar declarações públicas sobre o decreto
de nacionalização de Morales.
Kirchner participará da reunião com os presidentes da Bolívia, do Brasil e da Venezuela,
marcada para amanhã.
Nos últimos anos, a situação
energética da Argentina se
agravou, e o país foi obrigado a
suspender exportações de gás
para o Chile para cumprir a
exigência interna.
(FM)
Texto Anterior: Tensão entre vizinhos: EUA se "preocupam" com respeito a contratos Próximo Texto: Espanha, Chile e UE mostram apreensão Índice
|