São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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Medida põe em alerta governo da Argentina

DE BUENOS AIRES

Embora menos dependente de importação de gás do que o Brasil, em termos de volume, o anúncio da nacionalização dos hidrocarbonetos por Evo Morales pôs em alerta a Casa Rosada porque acontece em meio à negociação entre Bolívia e Argentina para elevar o envio do combustível ao vizinho.
A expansão do abastecimento boliviano é estratégica para os argentinos, que estão perto do limite de exploração própria de gás, que começa a faltar no mercado interno. A situação é agravada pela alta da demanda (crescimento do PIB de mais de 8% nos últimos três anos).
Hoje, a Bolívia envia à Argentina por dia até 5 milhões de m3 de gás -cerca de 3% do consumo diário argentino. O acordo vigente entre os países permite chegar a um teto de até 7,7 milhões de m3/dia.
O principal ministro de Kirchner, Julio de Vido (Planejamento), foi a La Paz na semana passada negociar a ampliação do acordo de abastecimento, que vence no fim do ano.
Além do futuro do acordo, o problema para o país é que a capacidade dos gasodutos hoje instalados já está esgotada e o anúncio de Morales congelará por pelo menos seis meses investimentos privados para sua expansão, avaliaram pessoas ligadas ao governo e empresários na imprensa argentina.
Na prática, a perspectiva da eleição de Morales já postergou investimentos. A construção de gasoduto no noroeste argentino, para trazer mais gás da Bolívia, que contava com participação da Repsol-YPF, foi anunciada há dois anos, mas ainda não saiu do papel.
Até a noite de ontem, o governo Kirchner havia escolhido ser cauteloso e não dar declarações públicas sobre o decreto de nacionalização de Morales. Kirchner participará da reunião com os presidentes da Bolívia, do Brasil e da Venezuela, marcada para amanhã.
Nos últimos anos, a situação energética da Argentina se agravou, e o país foi obrigado a suspender exportações de gás para o Chile para cumprir a exigência interna. (FM)


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