|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIZINHO EM CRISE
Empresa diz ter perdido US$ 3,8 bilhões com congelamento
Telefónica aciona Bird para elevar tarifa na Argentina
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
A matriz espanhola da Telefónica iniciou um processo judicial
contra a Argentina para pressionar o governo a autorizar um reajuste das tarifas de telefonia. A tabela está congelada desde o fim da
paridade cambial entre peso e dólar, em janeiro de 2002. Na época,
o governo temia que a forte desvalorização cambial provocasse
uma hiperinflação. Por isso, optou pelo congelamento, que atingiu também as tarifas de energia
elétrica, gás e água.
O fim do congelamento das tarifas é uma das exigências do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
para negociar novo acordo como
governo argentino.
O processo da Telefónica foi encaminhado ao Ciadi (Centro Internacional de Acordo de Diferenças Relativas a Investimentos),
órgão de arbitragem ligado ao
Bird (Banco Mundial) e que funciona como mediador para casos
em que há divergência entre investidores e governos de países
associados ao banco. A ação também figura em relatório encaminhado à SEC (Securities Exchange
Comission, que regula o mercado
acionário norte-americano).
Segundo o analista Alejandro
Prince, não há um percentual claro sobre a defasagem nos preços.
"Isso depende da região", afirmou. Para Prince, o reajuste não
poderia ser superior a 15%. "Mesmo se o governo liberar os preços,
as empresas não podem aumentar mais que isso. Perderiam
clientes."
Na Argentina, a Telefónica concentra pouco mais de 50% do
mercado de telefonia local, ao lado da concorrente Telecom, que
também moveu um processo
contra o governo pelo mesmo
motivo. A Telefónica afirma que
já acumula perdas de aproximadamente US$ 3,8 bilhões no país.
Nessa conta estão incluídos a defasagem das tarifas e os efeitos da
depreciação cambial.
Com a ação da empresa espanhola, sobe para 16 o número de
processos movidos contra a Argentina no Ciadi. A maioria exige
o fim do congelamento das tarifas. Entre eles estão pedidos de
empresas estrangeiras como a
AES Corp., a Enron, LG&E
Energy e El Paso.
Estima-se que, até o final do
ano, outras empresas que prestam serviço público apresentem
demandas similares.
O Ministério da Economia não
quis comentar. Em recentes declarações, o presidente argentino,
Néstor Kirchner, afirmou que
pretende aprovar um reajuste das
tarifas, mas não no percentual
que exigem as empresas. "Quem
ganhou muito no passado vai ter
de abrir mão agora e entender que
a população não tem condições
de pagar um aumento como o
que se pede", disse.
O Congresso quer impedir que
o governo tenha sozinho o poder
de autorizar ou não os reajustes.
"O Congresso terá pelo menos
que dizer que sim ou que não",
afirmou o deputado peronista José Diaz Bancalari.
FMI
O secretário de Finanças argentino, Guillermo Nielsen, soltou
mais uma farpa contra o FMI.
Sem citar nomes, o secretário disse que "um setor do FMI está trabalhando para sabotar a relação
da instituição com a Argentina".
O FMI não comentou a declaração e mantém a agenda com relação ao país. No dia 8 de julho, chega à Argentina uma missão que
vai revisar o acordo provisório assinado em janeiro deste ano e traçar as primeiras diretrizes para as
negociações de um acordo de três
anos com o país.
Texto Anterior: Polêmica: União Européia fica a um passo da liberalização dos transgênicos Próximo Texto: Linha ocupada: Telefone não pode subir em BH e RS Índice
|