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Para frigoríficos, ação do Ministério Público no PA foi irresponsável
Procuradoria pede indenização total de R$ 2,1 bi em processos contra criação de boi em área desmatada
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Em audiência pública ontem
em Belém (PA), um representante do setor dos frigoríficos
disse que o Ministério Público
Federal foi "prepotente", "irresponsável" e agiu de maneira
"açodada" ao mover ações contra pecuaristas e frigoríficos
que comercializaram bois criados em área desmatada.
As 21 ações pedem indenizações que somam R$ 2,1 bilhões
e levaram, no último mês, grupos varejistas e grandes indústrias a deixar de comprar parte
da carne paraense e subprodutos dela, como o couro.
Segundo a Faepa (Federação
da Agricultura e Pecuária do
Pará), essas repercussões podem levar ao colapso de um dos
principais produtos do Estado.
Otávio Cançado, diretor-executivo da Abiec (Associação
Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), que representa alguns dos maiores
frigoríficos do país, afirmou
que o que os procuradores da
República fizeram ameaça a
credibilidade "não só do Pará,
mas do Brasil inteiro" no mercado internacional.
Também foram à audiência
senadores e deputados federais
ligados à defesa dos interesses
de produtores rurais, além da
governadora Ana Júlia Carepa
(PT) -que adotou uma posição
conciliatória.
Eles falaram para mais de
200 empresários do ramo, que
se reuniram em um salão apertado da Assembleia Legislativa.
Um dos únicos ambientalistas
que compareceram não conseguiu expor seu ponto de vista,
devido à reação do público.
A ONG Greenpeace, convidada para o debate, não apareceu
porque, segundo sua assessoria, não houve garantias de segurança a seus representantes
-que temiam ser agredidos.
Deputados, senadores e o
próprio Cançado criticaram os
termos do TAC (Termo de
Ajuste de Conduta) apresentado pelo MPF, dizendo que suas
condições são irrealizáveis.
Para o procurador Daniel César Avelino, um dos que assinam as ações, esse é um "jogo
de cena", uma vez que as negociações de acordo com diversas
empresas já estão "avançadas".
Se aceitarem o TAC, deixam de
ser réus nos processos.
Em relação às críticas, Avelino disse que o próprio Cançado
já elogiou, pessoalmente a ele, a
"legalidade" das provas apresentadas na ações.
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