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São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

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Aplicação da Previ ultrapassa limite

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e o maior do país, não teria condições hoje de investir no setor de infra-estrutura como deseja o governo federal. A fundação, que conta com patrimônio de R$ 44,26 bilhões, está com nível de aplicação em ações (renda variável) bem acima do que é permitido pelas normas que regem a previdência complementar.
Na área de energia elétrica, por exemplo, o fundo tem mais investimentos do que seus administradores gostariam de manter em carteira, segundo apurou a Folha. Para aplicar em novos projetos, a Previ teria de se desfazer de parte dos atuais investimentos.
No entanto, as ações das elétricas, de um modo geral, tiveram forte desvalorização após a crise de energia, em 2001, e, mais recentemente, por conta da suspensão do pagamento de dívidas de algumas companhias, como a Eletropaulo e a Light.
Portanto, se a Previ vendesse hoje as ações que tem em sua carteira, teria um prejuízo.
Pelas regras de previdência complementar fechada (fundos de pensão restritos a funcionários de uma mesma empresa ou categoria profissional), as fundações não podem manter mais do que 45% do patrimônio em renda variável. A Previ, de acordo com o balancete de março deste ano, tem 56,38% em renda variável, o que equivale a R$ 24,96 bilhões.
As aplicações no setor de energia elétrica representam 17% do total dos investimentos da Previ em renda variável. Só de ações da AES Tietê, que integra o grupo que controla a Eletropaulo, a Previ tinha R$ 8,5 milhões em dezembro passado.
Os administradores da fundação avaliam que as aplicações no setor de transportes também estão no limite do que consideram prudente. Ou seja, a Previ teria hoje fortes restrições para investir em duas das principais áreas de infra-estrutura.
Além disso, a contribuição dos associados (ativos e inativos) não é suficiente hoje para cobrir o pagamento dos benefícios. Em 2002, a Previ arrecadou R$ 1,56 bilhão, para gastos de R$ 2,7 bilhões. A diferença teve de ser coberta pelo retorno com os investimentos.
A Petros, dos funcionários da Petrobras, é outro fundo de pensão que também tem sérias complicações para investir em grandes projetos de infra-estrutura. Do patrimônio de R$ 19,4 bilhões, R$ 8,181 bilhões -quase a metade- são títulos do Tesouro Nacional de longo prazo, com vencimento em dez e 30 anos.
Para aplicar em novos projetos, a fundação provavelmente precisaria vender parte desses títulos. Mas, como a demanda é muito baixa por títulos de longo prazo, a venda no mercado acarretaria uma depreciação dos papéis, o que poderia desequilibrar a situação patrimonial do fundo.
(LEONARDO SOUZA)


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