UOL


São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Previsão é que movimento de retirada de capital estrangeiro se intensifique nas próximas semanas

Para analistas, país está menos atraente

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O desarranjo nos principais indicadores do mercado financeiro na semana passada, com dólar e risco-país em alta, tende a persistir nas próximas semanas como resultado de um movimento de retirada de dinheiro de investidores internacionais do Brasil.
Além da impaciência dos mercados com o ritmo das reformas (Previdenciária e tributária) e com o baixo crescimento do país, a saída de dinheiro reflete também um processo de elevação das taxas de juro de longo prazo nos EUA e a expectativa de valorização da Bolsa de Nova York.
A aposta dos investidores na recuperação da economia norte-americana explicaria a ainda limitada debandada do Brasil.
Produção industrial, PIB (Produto Interno Bruto), gastos e renda têm dado sinais positivos suficientes nos EUA para empurrar para cima a confiança.
Com isso, as taxas de juro pagas por títulos de longo prazo do Tesouro americano também sobem. Na mesma esteira, o dólar começa a se recuperar.
Nas últimas semanas, os títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos alcançaram uma valorização de 1,6 ponto percentual, projetando um rendimento de 4,6% ao ano -pelo fechamento da sexta-feira.
O dólar, por sua vez, teve na semana passada a maior alta em relação ao euro em quase dois anos. A recuperação acumula 6% desde meados de junho. Um dólar vale hoje 1,1267.
""A procura exagerada por ativos no Brasil do início do ano chegou ao fim", afirma Felipe Illanes, diretor-adjunto da corretora Merrill Lynch. ""Os investidores tendem agora a voltar para o mercado americano, que está ficando mais rentável e seguro."
Para Paulo Vieira da Cunha, economista-chefe do banco HSBC, o Brasil vinha se aproveitando de uma situação ""extremamente favorável que vem se modificando com a recuperação norte-americana".
Edwin Truman, ex-secretário-assistente do Tesouro dos EUA entre 1988 e 2001 e ex-braço-direito de Alan Greenspan no Fed (o Banco Central dos EUA), afirma, em entrevista à Folha (leia abaixo), que ""os investidores globais começam a ficar menos interessados nos mercados emergentes".
Segundo ele, o novo movimento ""talvez" dificulte o processo de queda de juros no Brasil. ""O Brasil não está fora de perigo. Precisa ser muito cuidadoso."



Texto Anterior: Ex-presidente do BC vê "fim da lua-de-mel"
Próximo Texto: "País ainda não está fora de perigo"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.