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APÓS A GREVE
Governo anuncia até a próxima semana o quinto reajuste do ano; gasolina pode aumentar mais que diesel
Combustíveis devem subir mais 9%
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
O próximo reajuste dos preços
de combustíveis, a ser anunciado
até a próxima semana, deverá ficar em torno de 9%, em média. A
gasolina tende a subir mais que os
demais combustíveis.
A Folha apurou que o presidente Fernando Henrique Cardoso
determinou que o índice seja de
um dígito, isto é, abaixo de 10%,
considerando os preços cobrados
pelas refinarias.
Ainda não há cálculo do impacto para o consumidor, mas o governo estima que fique abaixo do
índice praticado pelas refinarias.
A área técnica estudava reajuste
imediato de 15%, em razão da necessidade de equilibrar as contas
públicas. Como o índice será menor, outros reajustes deverão ser
necessários ao longo do ano.
Quando sobem as cotações do
dólar e/ou os preços internacionais do petróleo e o mesmo não
acontece com os preços internos
dos combustíveis, o Tesouro Nacional arca com as perdas.
Isso é feito por meio de um fundo chamado PPE (Parcela de Preço Específico), constituído pelo
governo a partir de uma parcela
do preço cobrado na venda dos
derivados do petróleo.
Como precisa de dinheiro para
deter o crescimento da dívida pública, o governo espera receber repasses da PPE neste ano.
Por isso, foi acertado com o FMI
(Fundo Monetário Internacional)
que os preços dos combustíveis
serão reajustados periodicamente
-sempre que houver aumentos
dos custos de importação.
A definição do próximo e quinto reajuste dos preços dos combustíveis no ano está em discussão há cerca de três semanas, mas
as discussões foram adiadas devido à greve dos caminhoneiros.
A gasolina poderá subir mais
que os demais combustíveis. Dois
motivos contribuem para isso, segundo dados da área técnica: 1) o
custo da gasolina subiu cerca de
190% de janeiro a junho, mas o
preço aumentou 47%; e 2) para
compensar um aumento menor
ou a manutenção do preço do diesel usado pelos caminhões.
No caso do óleo diesel, que ainda continua tabelado, houve decisão política de segurar os preços
num primeiro momento, como
forma de atender a uma reivindicação dos caminhoneiros e interromper a greve da categoria.
Agora considera-se mais adequado autorizar reajustes abaixo
da média para o combustível.
Ontem técnicos da Fazenda e
das Minas e Energia reuniram-se
para discutir o reajuste.
Neste ano foram concedidos
quatro reajustes. Em fevereiro, o
governo autorizou um aumento
para compensar a elevação da alíquota da Cofins (Contribuição
para Financiamento da Seguridade Social) de 2% para 3%.
Os demais foram concedidos
em março, abril e junho devido à
desvalorização do real e à alta do
preço do petróleo no mundo.
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