São Paulo, Terça-feira, 03 de Agosto de 1999
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PROTESTO
Agricultor diz que ocupará Brasília
"Caminhonaço" quer renegociar dívidas

DANIEL BRAMATTI
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

Agricultores pretendem ocupar a Esplanada dos Ministérios com cerca de mil caminhões e ônibus este mês. O objetivo do "caminhonaço", como os organizadores estão chamando o movimento, é pressionar o governo a renegociar as dívidas do setor agrícola. A marcha chegará a Brasília no dia 16, menos de um mês após a greve dos caminhoneiros, que paralisou rodovias por quatro dias.
As principais reivindicações são o perdão de 40% das dívidas e o alongamento do prazo de pagamento para 20 anos, com juros subsidiados de 3% ao ano. Além disso, os agricultores não querem comprometer mais de 4% de sua renda bruta com o pagamento de dívidas.
Os benefícios, segundo os organizadores, devem valer para todos os agricultores -inclusive os que, em 1995, renegociaram as dívidas inferiores a R$ 200 mil.
"O governo não deu R$ 60 bilhões para os bancos estaduais, que não produzem nem parafuso? Como é que não vai resolver o problema de quem contribui com 40% do PIB (Produto Interno Bruto)?", questionou o senador Blairo Maggi (sem partido-MT), o maior produtor de soja do país.
Maggi, um dos defensores do movimento, será diretamente beneficiado se o governo ceder às reivindicações. "Não interessa se é pequeno ou grande produtor. Ninguém pode ser discriminado", afirmou.
A CNA (Confederação Nacional da Agricultura), uma das entidades que organiza o "caminhonaço", prevê que cerca de mil caminhões e ônibus devem chegar a Brasília em dois comboios -um das regiões Sul e Sudeste e outro da região Centro-Oeste.
Em 1995, um movimento semelhante obrigou o governo a renegociar as dívidas inferiores a R$ 200 mil. Os endividados ganharam prazo de dez anos para pagar e juros de 3% ao ano. Ainda assim, a inadimplência tem sido elevada.


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