São Paulo, Terça-feira, 03 de Agosto de 1999
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Líder nega apoio de transportadora

CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

O sindicalista Nélio Botelho, líder do Movimento União Brasil Caminhoneiro, negou ontem que a greve da categoria tenha contado com o apoio material das empresas de transporte de cargas.
Segundo a revista "Época" desta semana, Botelho recebeu apoio material da empresa Michelon: passagens aéreas, veículo para se locomover em São Paulo e até um gerente da empresa, Jorge Célio Gomes da Silva, como assessor.
De acordo o sindicalista, ele apenas pediu ajuda aos dirigentes da Michelon, com os quais afirmou ter amizade, para resolver um problema prático.
Botelho disse que na quarta-feira, dia 28, quando se dirigia do aeroporto de Congonhas para a sede regional de São Paulo do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) para se reunir com o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, foi informado, por telefone, de que o local estava tumultuado e inviável para abrigar a reunião.
"Eu então me desloquei para a sede da Michelon, que fica ao lado do DNER, para usar o telefone deles para fazer contato com o ministro e avisar que não havia ambiente para a reunião", disse.
Botelho queria conseguir outro local para o encontro.
O sindicalista disse que, para se deslocar da Michelon para o DNER, pediu ao pessoal da empresa um transporte, afirmando que um dos veículos usados "parece que foi uma Blazer". Segundo a "Época", o carro pertence à filha do dono da transportadora.
Botelho afirmou ainda que todas as passagens para suas viagens foram pagas com dinheiro de "vaquinhas" feitas entre caminhoneiros, oficinas, borracheiros e alguns postos de abastecimento.
Quanto ao assessor, Botelho confirmou que ele trabalha para a Michelon, mas disse que Silva é também dono de um caminhão e membro do Movimento União Brasil Caminhoneiro, sendo seu assessor nessa condição.
Pelo menos dois participantes da reunião da última quarta-feira em São Paulo confirmam que um representante da transportadora Michelon participou do encontro com o líder dos grevistas.
Na lista de presença, solicitada pelo ministro Padilha, Jorge Célio Gomes da Silva se identificou apenas como motorista de caminhão.
A diretoria da Michelon não se pronunciou sobre a participação da empresa no apoio à greve.
A Associação Nacional do Transporte de Cargas (NTC), entidade que reúne 12 mil transportadoras, divulgou nota dizendo que as notícias de apoio de empresas à greve são infundadas.
Nélio Botelho afirmou ainda que não usou seu programa na Rádio Globo do Rio para divulgar a greve e que o programa foi retirado do ar pela emissora por causa de informações dos jornais.
O diretor regional do Rio do Sistema Globo de Rádio, Marcos Libretti, disse que o programa foi extinto no início da greve porque Botelho teria usado o espaço para divulgar o movimento.


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