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MERCOSUL
UIA acusa país de imperialista por forçar Argentina a suspender mecanismo que prevê salvaguardas
Industriais argentinos atacam Brasil
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
Os industriais argentinos reagiram à suspensão do mecanismo
que possibilitava a adoção de medidas protecionistas contra o Brasil acusando o país vizinho de imperialista.
Segundo a UIA (União Industrial Argentina), para o Brasil, "a
única regra válida no Mercosul é a
lei do mais forte".
As declarações dos dirigentes da
UIA são uma resposta à decisão
do governo argentino de suspender a resolução 911. Segundo os
industriais, a diplomacia brasileira usou seu peso econômico e político dentro do Mercosul (o Brasil
representa quase dois terços da
economia do bloco) para forçar a
Argentina a levantar a resolução.
As afirmações do chanceler brasileiro, Luiz Felipe Lampreia, foram qualificadas de "soberbia imperialista" pelo vice-presidente da
UIA, Alberto Alvarez Gaiani. Em
entrevista à imprensa argentina,
Lampreia ratificou que a Argentina tinha que suspender a resolução 911.
Desde a desvalorização do real,
e com o aprofundamento da recessão, os industriais argentinos
pressionam o governo para a adoção de barreiras comerciais contra os produtos brasileiros.
Os industriais vizinhos também
não pouparam o governo argentino de críticas. A direção da UIA
afirma que o governo negociou
mal. A ala mais radical da associação chegou a ameaçar enviar uma
carta ao presidente Carlos Menem, segundo o jornal "Clarín".
Mãos vazias
A preocupação do governo argentino agora é como não voltar
da reunião marcada para discutir
o problema, quinta e sexta-feira,
em Montevidéu, de mãos vazias.
A diplomacia sabe que, se não
conseguir algum benefício do
Brasil em troca da suspensão da
ameaça de salvaguardas, sofrerá
protestos dos industriais.
Segundo a Folha apurou, os negociadores argentinos vão ao
Uruguai com poucas esperanças
de conseguir alguma concessão
concreta.
Segundo um dos principais jornais de negócios da Argentina, o
"El Cronista", o governo argentina resolveu até levar propostas de
negociações mais tímidas, para
não correr o risco de uma negativa categórica.
Antes, os argentinos pediam
um regime de compensações automáticas, no caso de desvalorizações cambiais bruscas. Agora, a
diplomacia do vizinho brasileiro
vai querer um acordo pontual para limitar as exportações nos setores mais afetados, como calçados
e papel.
Na opinião de Alejandro Mayoral, ex-secretário de Comércio Exterior, a reunião de quinta-feira
será mais um encontro formal.
Mayoral não acredita que a Argentina consiga nenhum tipo de
compromisso formal do Brasil.
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