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COMÉRCIO
OMC condena subsídios canadenses e sugere ajustes ao programa brasileiro de apoio às exportações
Embraer pode usar Proex modificado
DENISE CHRISPIM MARIN
da Sucursal de Brasília
A OMC (Organização Mundial
do Comércio) decidiu ontem que
a Embraer poderá manter seu
acesso a uma das linhas de financiamento do Proex (Programa de
Financiamento às Exportações),
que era apontada pelo Canadá como subsídio ilegal.
A condição será a alteração, em
um prazo de 90 dias, dessa linha,
que repõe a diferença entre os juros cobrados nas operações de
venda das aeronaves ao exterior e
as taxas no mercado externo.
O ministro Clóvis Carvalho
(Desenvolvimento) afirmou que
a alteração será analisada pela Câmara de Comércio Exterior e pela
Secretaria de Comércio Exterior.
"Temos de fazer as adaptações
necessárias. Na medida em que
há uma observação sobre um modelo, é preciso que a gente o olhe
de frente", afirmou.
A decisão da OMC foi comemorada com parcimônia e ficou longe de colocar um ponto final na
disputa comercial entre a Embraer e sua rival canadense, a
Bombardier, que se arrasta desde
o final de 1996.
"Foi uma decisão salomônica
porque a Bombardier poderá
manter alguns de seus programas, até que sejam contestados
pela OMC", afirmou o embaixador José Alfredo Graça Lima, subsecretário de Assuntos de Integração, Econômicos e de Comércio
Exterior do Itamaraty.
A reação brasileira se deve ao fato de a OMC ter decidido que um
dos subsídios concedidos à rival,
o TPC (Technology Partnerships
Canada), deverá ser também alterado em 90 dias, para se adequar
às regras da organização.
O outro subsídio questionado, a
linha de financiamento do EDC
(Export Development Corporation), acabou sem julgamento por
causa da decisão do Canadá de
não fornecer as informações solicitadas pela OMC.
Segundo Graça Lima, essa sonegação de informações a OMC a
abrir a possibilidade de o Brasil
apresentar nova reclamação contra esse suposto subsídio.
As queixas mútuas da Embraer
e da Bombardier foram julgadas
pelo Órgão de Apelação da OMC,
tribunal de última instância que
julga decisões do comitê de arbitragem (panel) não aprovadas pelas partes envolvidas.
Em março, o comitê havia determinado a suspensão da linha
de equalização de taxas de juros
do Proex destinada à Embraer e
dos dois subsídios oficiais que beneficiavam a Bombardier.
Em Genebra, o presidente da
Embraer, Maurício Botelho, disse, durante teleconferência, que
recebeu com "muita satisfação"
os resultados da OMC.
"Temos afirmado que não temos problemas para competir
com a Bombardier nos méritos de
nossos produtos, mas não podemos competir com os subsídios
ilegais concedidos pelo governo
canadense", disse.
Botelho afirmou que as modificações a serem feitas no Proex serão pequenas: "Esses ajustes não
afetarão a nossa competitividade
no mercado internacional".
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