São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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Consumidor compra à vista e usa dinheiro do FGTS para pagar dívida

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor prefere comprar à vista, utiliza o dinheiro que sobra para pagar dívidas e foge do crediário. É o que mostram os últimos dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo sobre o desempenho do comércio.
Em agosto, as vendas a prazo, medidas pelo número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), caíram 7,9% na comparação com julho e cresceram apenas 0,4% sobre igual mês de 2001. As compras à vista, medidas pelas consultas ao Usecheque, cresceram 4% e 18,2%, respectivamente, informa a ACSP.
De janeiro a agosto, as consultas ao SPC caíram 0,9% em relação a igual período de 2001. As consultas ao Usecheque subiram 9,3% no período.
"O consumidor compra mais à vista porque está inseguro com a troca de governo e com o desemprego", afirma Emílio Alfieri, economista da associação.
A compra à vista, diz ele, também está sendo favorecida neste momento pelo pagamento da correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) -até o final de agosto a CEF já havia liberado o pagamento de cerca de R$ 4,6 bilhões.
Esse dinheiro está contribuindo ainda para a redução do atraso no pagamento do crediário. A taxa de inadimplência em agosto foi de 4,7%, segundo a ACSP. No mesmo mês de 2001 estava em 6% e, em 2000, em 3,3%.
Para chegar a essa taxa, a associação faz a seguinte conta: número de carnês em atraso menos o de quitados e divide o resultado pelo número de consultas ao SPC dos três meses anteriores.
A Servloj, que administra o crediário de 600 redes, informa que, em agosto, as vendas financiadas caíram 6,5% em relação a igual mês do ano passado e 2% na comparação com julho. De janeiro a agosto, a queda é de 3,5% sobre o mesmo período de 2001.
"As vendas estão bem devagar. Acreditamos que isso não muda pelo menos até o primeiro turno das eleições. Se houver recuperação no consumo será em novembro e em dezembro", afirma o diretor Oswaldo de Freitas Queiroz.
Os lojistas do setor de vestuário, diz ele, estão em situação financeira complicada. Não venderam bem a coleção de inverno e já têm de colocar a de verão nas vitrines.
"Os comerciantes de pequeno e médio portes estão descapitalizados", afirma. Levantamento do Banco Central mostra que, em julho, a inadimplência do comércio com os bancos era de 3,9%. Em julho de 2001, era de 3,6%.
Em julho, pelo levantamento da federação, o faturamento real do comércio paulista subiu 5,16% na comparação com igual mês do ano passado. Quem puxou esse crescimento foi o setor de supermercados, com aumento de 15,6% no período.


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