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Consumidor compra à vista e usa dinheiro do FGTS para pagar dívida
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor prefere comprar à vista, utiliza o dinheiro que sobra para pagar dívidas e foge do crediário. É o que mostram os últimos dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo sobre o desempenho do comércio.
Em agosto, as vendas a prazo, medidas pelo número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), caíram 7,9% na comparação com julho e cresceram
apenas 0,4% sobre igual mês de 2001. As compras à vista, medidas pelas consultas ao Usecheque, cresceram 4% e 18,2%, respectivamente, informa a ACSP.
De janeiro a agosto, as consultas ao SPC caíram 0,9% em relação a igual período de 2001. As
consultas ao Usecheque subiram
9,3% no período.
"O consumidor compra mais à
vista porque está inseguro com a
troca de governo e com o desemprego", afirma Emílio Alfieri,
economista da associação.
A compra à vista, diz ele, também está sendo favorecida neste
momento pelo pagamento da
correção do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)
-até o final de agosto a CEF já
havia liberado o pagamento de
cerca de R$ 4,6 bilhões.
Esse dinheiro está contribuindo
ainda para a redução do atraso no
pagamento do crediário. A taxa
de inadimplência em agosto foi
de 4,7%, segundo a ACSP. No
mesmo mês de 2001 estava em
6% e, em 2000, em 3,3%.
Para chegar a essa taxa, a associação faz a seguinte conta: número de carnês em atraso menos
o de quitados e divide o resultado
pelo número de consultas ao SPC
dos três meses anteriores.
A Servloj, que administra o crediário de 600 redes, informa que,
em agosto, as vendas financiadas
caíram 6,5% em relação a igual
mês do ano passado e 2% na
comparação com julho. De janeiro a agosto, a queda é de 3,5% sobre o mesmo período de 2001.
"As vendas estão bem devagar.
Acreditamos que isso não muda
pelo menos até o primeiro turno
das eleições. Se houver recuperação no consumo será em novembro e em dezembro", afirma o diretor Oswaldo de Freitas Queiroz.
Os lojistas do setor de vestuário,
diz ele, estão em situação financeira complicada. Não venderam
bem a coleção de inverno e já têm
de colocar a de verão nas vitrines.
"Os comerciantes de pequeno e
médio portes estão descapitalizados", afirma. Levantamento do
Banco Central mostra que, em julho, a inadimplência do comércio
com os bancos era de 3,9%. Em
julho de 2001, era de 3,6%.
Em julho, pelo levantamento da
federação, o faturamento real do
comércio paulista subiu 5,16% na
comparação com igual mês do
ano passado. Quem puxou esse
crescimento foi o setor de supermercados, com aumento de
15,6% no período.
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