São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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FINANÇAS

Saques e alta do dólar levam US$ 24,8 bi da América Latina, em julho

Fundos latinos voltam ao nível de 98

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A onda de resgates nos fundos de investimento, que teve seu pico em julho no Brasil, atingiu também os principais países da América Latina naquele mês, reduzindo em US$ 6,8 bilhões o patrimônio dessas aplicações.
Se for considerada ainda a desvalorização cambial no período, o patrimônio dos fundos da região encolheu US$ 24,78 bilhões em relação ao mês anterior, recuando para nível próximo ao de 1998, segundo estudo da Thomson Invest Tracker.
O Brasil, dono da maior carteira de fundos, representando 70,73% do total de recursos aplicados no continente, foi o país que registrou a maior saída líquida de recursos. Em julho, a captação líquida (aplicações menos resgates) nos fundos brasileiros foi negativa em U$$ 6,24 bilhões.
É muito dinheiro, mas, se comparado ao volume total aplicado nos fundos, o Brasil foi o país que teve a menor perda em relação ao patrimônio - 6,4% naquele mês. Com exceção do México, que teve captação líquida positiva, os demais países sofreram perdas proporcionalmente maiores (não há dados sobre o Uruguai).
Segundo Henrique Garcia Spinosa Netto, vice-presidente da Thomson Financial Brasil, a marcação a mercado, o risco eleitoral e a desvalorização do real foram responsáveis pela perda de patrimônio dos fundos brasileiros. "Assim, o Brasil viu reduzida sua participação no setor em cinco pontos percentuais", diz ele.

Captação no ano
No ano, o Brasil é o segundo em perdas. A captação líquida dos fundos nos sete primeiros meses do ano foi negativa em US$ 16,6 bilhões, uma queda de 10% no patrimônio líquido dessas aplicações. Só a Argentina teve desempenho pior no ano, registrando perda de 44,95% do patrimônio dos fundos. Os demais países acumulam captação positiva no ano.

México
O México, único país da América Latina onde os fundos de investimento tiveram captação positiva em julho, deve seu bom desempenho aos fundos de renda variável que atraíram US$ 468,9 milhões. Os novos depósitos tiraram o país de dois meses consecutivos de captação negativa.
Nos países andinos os resgates também superaram as aplicações em julho. O Chile teve perda de 6,7% do patrimônio dos seus fundos, resultado motivado, principalmente, pelos resgates em fundos de renda fixa de curto prazo.
O Peru sofreu com a alta da taxa de juros interbancária em moeda estrangeira e o aumento do risco-país. Esses fatores levaram os investidores a sacar US$ 115,26 milhões dos fundos.
No Uruguai o patrimônio total administrado pelos fundos recuou 19,3% em julho e no acumulado do ano já caiu mais de 75%. Segundo a Thomson Invest Tracker, a forte desvalorização do peso frente ao dólar no mês, de 21,1%, e a perda de confiança dos investidores no sistema financeiro afetaram os ativos dos fundos.


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