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TENDÊNCIAS INTERNACIONAIS
Política monetária pode evitar recessão nos EUA
GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
A julgar pelos relatos sobre o período que antecedeu a crise de 1929, a euforia na
época era tanta que nem investidores nem autoridades foram
capazes de mudar seus padrões
de comportamento a tempo.
Quando a reavaliação começou,
ela veio de forma violenta e irreversível. Houve pânico.
Na economia dos EUA hoje se
observa uma mudança de humor nos mercados e um medo
cada vez maior de recessão.
Mas, mesmo depois das quedas
vertiginosas ocorridas nos mercados acionários neste ano, é
evidente que não há pânico.
Ao contrário, os investidores
individuais continuam injetando recursos nos fundos de ações
(em outubro, a entrada líquida
superou os US$ 19 bilhões).
Mas o fator decisivo, especialmente quando se avaliam os erros cometidos pelos governos
na crise de 1929, que levaram a
uma Grande Depressão, é a
atuação do banco central.
Mais de 70 anos depois, a lição
foi aprendida. Na medida em
que os sinais de desaceleração
da economia dos EUA ganham
espaço, cresce a chance de o Fed
(BC dos EUA) iniciar um ciclo
de redução das taxas de juros.
Deixar a economia esfriar um
pouco mais, antes de tomar essa
decisão, no entanto, pode ser
providencial. Especialmente
quando se observa o mercado
internacional de petróleo.
A combinação de juros altos e
desaquecimento nos EUA pode
ser fatal para os preços do petróleo no final do primeiro trimestre de 2001. O inverno vai passar
e há quem antecipe uma queda
nas cotações para menos de US$
25 o barril. Muito menos.
Seria um choque positivo,
uma importante garantia em favor da redução das taxas de juros norte-americanas, pois seriam drasticamente reduzidas as
chances de uma alta na inflação.
É verdade que um componente importante do pessimismo
atual resulta da frustração com
os setores de tecnologia avançada, especialmente com as vendas de computadores e correlatos. A Internet também sofre.
No entanto, até agora ninguém conseguiu demonstrar
que a queda nas cotações de empresas de alta tecnologia é fruto
do esgotamento do ciclo de inovação. Continua igualmente
provável a hipótese de que está
em curso a correção de uma fase
de exageros especulativos.
É importante compreender a
especificidade do "boom" de investimento em computador que
ocorreu nos EUA nos anos 90.
Em março foi publicado um
estudo pelo próprio Fed demonstrando o fracasso estatístico dos modelos estatísticos convencionais de previsão do ciclo
de investimentos. A falha foi não
levar em conta as características
do mercado de computadores.
Entre as peculiaridades desse
investimento estão o ritmo mais
acelerado de depreciação, associado a ciclos de redução de preços e inovação técnica.
Os modelos convencionais
desconsideram esses fatores de
queda de custo nas decisões das
empresas. Até agora não surgiu
nenhuma análise da economia
dos EUA apontando para uma
perda de dinamismo tecnológico ou capacidade de reduzir custos e aumentar a produtividade.
Claro que as vendas de computadores também responderão
às flutuações na taxa de crescimento da economia. Mas há indícios de que está em curso mudança no padrão de informatização das sociedades, em que o
computador de mesa perderá
espaço para outros dispositivos.
Se não se trata de esgotamento
da inovação tecnológica e o banco central pode agir para evitar o
pior, o cenário mais provável seria mais racional, ainda que menos exuberante. O medo da recessão seria até mesmo saudável, mas não haveria pânico.
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