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ESPETÁCULO EM XEQUE
Preços administrados devem responder por 2,5 pontos percentuais da meta de 5,5% de inflação em 2004
Correção de tarifa pode afetar corte de juro
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os reajustes das tarifas públicas
devem responder por 2,5 pontos
percentuais da meta de inflação
do próximo ano, fixada em 5,5%
pelo governo. Isso significa que
sobrariam 3,0 pontos para a variação dos preços livres, fato que
diminuiria o espaço para a queda
de juros pelo BC (Banco Central).
Na avaliação de Alexandre Póvoa, do Banco Modal, a combinação do regime de metas de inflação com um sistema que garante a
indexação das tarifas públicas por
índices corrigidos pela variação
do dólar é um dos fatores que
obrigam o Brasil a ter uma taxa de
juro real mais alta que a média
mundial. Isso porque a correção
dos chamados preços administrados compromete uma parte considerável da meta de inflação, exigindo maior rigor do BC no controle dos demais preços.
O analista estima que o IPCA vai
fechar 2003 em 9,5%, 1 ponto percentual acima da meta de 8,5% estabelecida pelo BC. Os preços administrados devem ser responsáveis por 3,9 pontos percentuais do
índice. Os livres devem responder
por 5,6 pontos percentuais.
Pelo sistema de metas de inflação, o BC regula a taxa de juros
com o objetivo de atingir a meta
fixada para o ano. Quanto mais
distantes os preços estiverem dela, maior tendem a ser os juros. As
taxas altas inibem o consumo, levam à retração da economia e, em
consequência, à queda de preços.
Ricardo Denadai, da LCA Consultores, acredita que a indexação
das tarifas em um sistema de metas de inflação dificulta a atuação
do BC na redução dos juros.
Mas ressalta que o alto nível de
taxa de juros no Brasil é definido
mais por fatores estruturais, como a vulnerabilidade externa e a
fragilidade fiscal. "O impacto da
correção das tarifas mina um
pouco o efeito da política monetária."
Alexandre Bassoli, economista-chefe do HSBC, reconhece o impacto dos preços administrados
sobre os índices de inflação, mas
diz não acreditar que eles sejam
um fator que dificulte a queda dos
juros reais no Brasil. "Não acredito que a trajetória da política monetária tivesse sido muito diferente se não houvesse a indexação
desses preços", afirma.
Indexação
Tanto Bassoli quanto Denadai
vêem problemas no modelo de
reajuste das tarifas públicas adotado nas privatizações das estatais
brasileiras. Os contratos prevêem
correções pelo IGP-DI ou IGP-M,
índices influenciados pelo dólar.
"Não tem sentido, porque os custos das empresas nem sempre são
afetados pelo dólar", diz Denadai.
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