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OPERAÇÃO SAGITÁRIO
700 agentes da Receita, Fazenda de SP e PF invadem Stand Center e estimam que 99% dos produtos sejam falsos
Receita faz megablitz em shopping da Paulista
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
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Agente da Polícia Federal abre loja do Stand Center, na av. Paulista, durante a Operação Sagitário |
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Força-tarefa montada pela Receita Federal e pela Secretaria da
Fazenda paulista, com o apoio da
Polícia Federal, deu início ontem
a uma operação de combate ao
comércio de produtos ilegais no
Estado de São Paulo. O primeiro
alvo de fiscalização foi o Stand
Center, centro comercial localizado na avenida Paulista, com faturamento estimado em R$ 20 milhões mensais. Os 220 estandes do
local são frequentados principalmente por executivos, moradores
e funcionários da região.
Batizada de Operação Sagitário,
a ação envolveu ontem 700 fiscais
e policiais. Em reunião ontem pela manhã na Receita Federal em
São Paulo, os servidores foram
orientados para a execução de
mandado de busca e apreensão de
mercadorias e notas fiscais no
Stand Center. Documento foi assinado pelo juiz Paulo Alberto
Sarno, da 4ª Vara Federal Criminal do Estado de São Paulo.
Fiscais da inteligência da Receita e da Fazenda planejavam a ação
havia quatro meses. Constataram
que os lojistas vendiam mercadorias estrangeiras que entravam no
país de forma irregular e produtos
falsificados. E que sonegavam impostos no comércio de produtos.
Na apreensão, a força-tarefa
constatou que 70% das mercadorias vendidas no local eram estrangeiras. Cinco caminhões-baú
com 2.500 sacos (de 100 litros cada) de produtos foram usados para transportar o material recolhido nos estandes até depósitos da
Receita. No total, foram dez toneladas de produtos apreendidos.
Nos boxes, foram apreendidos
milhares de games e DVDs, eletroeletrônicos (câmeras, monitores LG), perfumes, bebidas, bolsas
e roupas de marcas internacionais
aparentemente falsificadas (como
Louis Vuitton, Prada, Armani,
Diesel), além de artigos esportivos
(camisetas, bonés etc.).
"Vamos fazer um levantamento
das notas fiscais e dos materiais
apreendidos. Isso pode resultar
na perda desses produtos, indiciamento dos responsáveis pela venda por crime e em autos de infração", afirma Edmundo Rondinelli Spolzino, superintendente da
Receita no Estado de São Paulo.
A força-tarefa vai trabalhar em
outros centros comerciais suspeitos de vendas de produtos ilegais.
"A novidade é que, dessa vez, vamos operar de forma conjunta e
permanente. Essa Operação Sagitário não tem data para acabar",
diz Spolzino. O plano é mobilizar
1.520 pessoas na ação, da qual
também participam 250 policiais
militares, 300 servidores da Guarda Civil Metropolitana, além de
60 funcionários do Contru (Departamento de Controle do Uso
de Imóveis) e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
A operação no Stand Center
ocorreu oito meses após a Folha
revelar que os lojistas haviam
montado um esquema de "logística" para vender mercadorias ilegais e escapar de apreensões. Nos
boxes que vendem games, por
exemplo, a reportagem constatou, em abril (e em várias vezes
que retornou ao local), que os estandes exibem só caixas vazias.
O cliente escolhia em uma pasta
-com reproduções de capas de
games- os produtos que desejava adquirir. Em seguida, um vendedor saía do box, ia até o estacionamento ao lado do Stand Center
e buscava o software em carros
parados no local. Parte das mercadorias ficava estocada ainda no
subsolo do estabelecimento.
Ao vistoriar o local ontem, os
agentes do fisco encontraram
mercadorias em uma picape Saveiro e em uma moto no subsolo
do Stand Center. Três malas
abandonadas com mercadorias
também foram encontradas num
estacionamento anexo ao local.
Um bunker- como o usado
em casas de câmbio e bancos, feito de aço e vidro blindado- foi
achado em um dos boxes. A suspeita é que era usado para guardar DVDs pirateados. Após três
horas, os fiscais conseguiram
abrir o contêiner e encontraram
duas pessoas trancadas no local.
"Não prendemos lojistas nem
fornecedores até verificarmos a
procedência de todas as mercadorias", diz Carlos Fernando Lopes
Abelha, delegado da Delegacia de
Repressão a Crimes Fazendários
da Polícia Federal. Apesar da cautela, fiscais, auditores e policiais
estimam que 99,9% do material
vendido nos boxes era ilegal.
Caso os lojistas não apresentem
documentação dos produtos, as
mercadorias passarão a ser de
propriedade do Estado. O que for
falsificado será destruído.
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