São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

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Concorrência aérea vai crescer, diz relatório

Analistas prevêem "guerra tarifária" neste ano com recuperação da Varig e expansão da OceanAir e da BRA

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A agência de classificação de risco Fitch prevê um cenário de concorrência mais acirrada no setor aéreo em 2007. Segundo a agência, contribuirão para isso o retorno da Varig e um posicionamento mais agressivo da OceanAir e da BRA, além da entrega de aviões encomendados pela TAM (11 aeronaves) e pela Gol (15 aviões).
O aumento da concorrência poderá se tornar motivo de preocupação para as empresas. "Se tal aumento de competição trouxer a tentação de uma danosa guerra tarifária, aliada a menores taxas de ocupação das aeronaves, o forte perfil creditício das empresas aéreas nacionais fatalmente será impactado", afirma o relatório da Fitch.
Na avaliação de Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação, o consumidor será o principal beneficiado pelo acirramento da disputa no ar. "Com a volta da Varig e a chegada de novos aviões para TAM e Gol, deve ocorrer em julho uma guerra tarifária, e os passageiros vão ser afetados positivamente. O duopólio de TAM e Gol vai sofrer abalo neste ano."
Em razão da crise dos últimos meses, a Fitch espera ligeira queda de rentabilidade das companhias no quarto trimestre de 2006, mas no acumulado do ano "as empresas deverão apresentar os melhores resultados de todos os tempos".
Antes da crise, a expectativa do setor para 2007 era de crescimento da ordem de 12% a 15%. A agência destaca os efeitos do caos aéreo sobre o comportamento dos passageiros, o que poderá ter impacto sobre a taxa de ocupação das aeronaves. As aéreas poderão sofrer ainda com alta de custos relacionados ao tempo de permanência das aeronaves em solo, em razão da espera para liberação de decolagem, despesas extras com pessoal e indenizações pedidas na Justiça.
Segundo a agência, o crescimento sustentado do setor só será possível com investimentos e "medidas profundas de gestão", que não se limitem a ações paliativas de curto prazo para amenizar a crise. Nos últimos três anos, o setor cresceu a uma taxa média de 18% ao ano. Para a agência, o gargalo de infra-estrutura contribuiu para a situação de caos verificada nos últimos três meses. "A falta de investimento ficou mais uma vez em evidência", afirma.


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