São Paulo, sábado, 04 de março de 2006

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ACORDO ILÍCITO

Funcionário tentava negociar suposta dívida de sindicato que chegaria a R$ 6 milhões com multa e correção

PF prende fiscal do INSS acusado de extorsão

BRUNO SEGADILHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O fiscal do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) Fernando Alberto de Oliveira foi preso em flagrante ontem pela Polícia Federal sob acusação de concussão (extorsão praticada por funcionário público). Ele estaria tentando extorquir R$ 350 mil do Sindicato dos Trabalhadores nas Industrias Metalúrgica, Mecânica e Material Elétrico de São Paulo desde o último dia 25. Além dele, foi detido também um despachante cujo nome não foi divulgado até o fechamento desta edição.
De acordo com o presidente do sindicato, José Eleno Bezerra, depois de uma auditoria de 60 dias realizada pelos fiscais do INSS na central sindical, Oliveira teria apresentado um relatório que mostrava dívida de R$ 1,9 milhão, referente a pagamentos de funcionários terceirizados.
Bezerra afirma que o fiscal tentou negociar a propina sob o argumento de que poderia reduzir o valor a ser cobrado e que, caso não houvesse negociação, a dívida chegaria a R$ 6 milhões com multas e correção monetária. Além disso, Oliveira teria feito ameaças ao dizer que a central seria prejudicada, uma vez que já tinha dívida com o INSS e que um novo débito cancelaria o pagamento em parcelas acordado entre o instituto e o sindicato.
Segundo Bezerra, ficou combinado, então, que o fiscal receberia R$ 350 mil em três parcelas. Em troca, Oliveira fixaria a dívida em R$ 863 mil, a serem parcelados em 60 meses, e manteria o parcelamento do outro débito. O primeiro pagamento, de R$ 100 mil, teria acontecido no dia 25. No dia 1º de março, Quarta-Feira de Cinzas, o fiscal receberia R$ 50 mil e ontem os R$ 200 mil restantes.
"Pagamos R$ 100 mil a ele porque queríamos fingir que tínhamos concordado com a extorsão. Ele disse que devíamos os pagamentos de funcionários terceirizados, mas nossos contratos previam que os pagamentos seriam feitos pelas empresas, e não por nós. Avisamos à Polícia Federal logo depois e resolvemos criar um plano para pegá-lo em flagrante. Adiamos o pagamento de Quarta-Feira de Cinzas para sexta-feira [ontem] e montamos a cena."

Outro lado
O INSS afirmou que vai abrir inquérito administrativo para apurar as irregularidades.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Antônio Carlos Camilo Linhares, o acusado não quis se pronunciar e não apresentou advogado até o fechamento da edição.


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