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Disputa sindical afeta trabalhador
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A disputa política que envolve a
diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista (filiado à CUT) já afeta os trabalhadores da região.
Pelo menos 700 metalúrgicos da
siderúrgica Cosipa, que deveriam
receber ontem R$ 2,4 milhões por
conta de um processo de insalubridade movido pelo sindicato,
não conseguiram receber seus
cheques porque a entidade está
sob intervenção judicial desde o
mês passado, e o "interventor"
designado não pode fazer pagamentos na conta do sindicato.
Em protesto, os trabalhadores
fizeram ontem uma passeata em
Santos. O processo de insalubridade, movido desde 1994, beneficia 4.200 operários e envolve R$
20 milhões -em média, cada trabalhador receberá R$ 7.200.
A juíza Sílvia T. de Almeida Prado, da 3ª Vara do Trabalho de Cubatão, anulou em fevereiro a eleição realizada em setembro de
2005 no sindicato, destituiu a diretoria eleita, determinou que seja
feita nova eleição e designou que
Edézio Barros, ex-secretário-geral
da antiga diretoria, para acompanhar o processo. A decisão foi determinada em uma antecipação
de tutela.
"O sindicato tem agora um interventor. Algo que não ocorre
desde a ditadura", afirma Alvemi
Cardoso Alves, presidente eleito
em setembro e que está afastado
do sindicato. Ligado à corrente
Alternativa Sindical Socialista (esquerda da CUT), Alves acusa a
corrente majoritária da central (a
Articulação Sindical, que apoiava
a chapa 1) de comandar um movimento para impedir que correntes menores cheguem ao comando de entidades sindicais.
Uriel Villas Boas, que na gestão
2001/2005 foi presidente do sindicato (na ocasião ligado ao PCB e
hoje filiado ao PC do B) e que encabeçava a chapa 1, rebate as críticas. "Ele [Alves] se diz oposição,
mas foi meu vice-presidente na
gestão anterior. O fato é que a decisão agora está na Justiça. Aliás,
quem recorreu à intervenção da
Justiça foi a chapa 2, quando em
dezembro de 2004 anulou a primeira convocação para a eleição",
diz Villas Boas. "Com a anulação
da eleição, entendo que nosso
mandato ainda está em vigor."
Representante da Articulação
Sindical, Wilson Siqueira Pedroso, o Montanha, diz que a corrente retirou seu apoio ao antigo presidente e à chapa 1, que não existe
mais. "Não apoiamos nem a chapa 1 nem a chapa 2. Faltou transparência ao processo eleitoral. E,
para a nossa corrente [Articulação Sindical], o que interessa é defender os trabalhadores", afirma.
Segundo ele, advogados que representam os trabalhadores pediram à Justiça que avalie o caso, e
permitam que "interventor" realize o pagamento aos operários.
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