São Paulo, sábado, 04 de março de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Disputa sindical afeta trabalhador

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A disputa política que envolve a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista (filiado à CUT) já afeta os trabalhadores da região.
Pelo menos 700 metalúrgicos da siderúrgica Cosipa, que deveriam receber ontem R$ 2,4 milhões por conta de um processo de insalubridade movido pelo sindicato, não conseguiram receber seus cheques porque a entidade está sob intervenção judicial desde o mês passado, e o "interventor" designado não pode fazer pagamentos na conta do sindicato.
Em protesto, os trabalhadores fizeram ontem uma passeata em Santos. O processo de insalubridade, movido desde 1994, beneficia 4.200 operários e envolve R$ 20 milhões -em média, cada trabalhador receberá R$ 7.200.
A juíza Sílvia T. de Almeida Prado, da 3ª Vara do Trabalho de Cubatão, anulou em fevereiro a eleição realizada em setembro de 2005 no sindicato, destituiu a diretoria eleita, determinou que seja feita nova eleição e designou que Edézio Barros, ex-secretário-geral da antiga diretoria, para acompanhar o processo. A decisão foi determinada em uma antecipação de tutela.
"O sindicato tem agora um interventor. Algo que não ocorre desde a ditadura", afirma Alvemi Cardoso Alves, presidente eleito em setembro e que está afastado do sindicato. Ligado à corrente Alternativa Sindical Socialista (esquerda da CUT), Alves acusa a corrente majoritária da central (a Articulação Sindical, que apoiava a chapa 1) de comandar um movimento para impedir que correntes menores cheguem ao comando de entidades sindicais.
Uriel Villas Boas, que na gestão 2001/2005 foi presidente do sindicato (na ocasião ligado ao PCB e hoje filiado ao PC do B) e que encabeçava a chapa 1, rebate as críticas. "Ele [Alves] se diz oposição, mas foi meu vice-presidente na gestão anterior. O fato é que a decisão agora está na Justiça. Aliás, quem recorreu à intervenção da Justiça foi a chapa 2, quando em dezembro de 2004 anulou a primeira convocação para a eleição", diz Villas Boas. "Com a anulação da eleição, entendo que nosso mandato ainda está em vigor."
Representante da Articulação Sindical, Wilson Siqueira Pedroso, o Montanha, diz que a corrente retirou seu apoio ao antigo presidente e à chapa 1, que não existe mais. "Não apoiamos nem a chapa 1 nem a chapa 2. Faltou transparência ao processo eleitoral. E, para a nossa corrente [Articulação Sindical], o que interessa é defender os trabalhadores", afirma.
Segundo ele, advogados que representam os trabalhadores pediram à Justiça que avalie o caso, e permitam que "interventor" realize o pagamento aos operários.


Texto Anterior: Acordo ilícito: PF prende fiscal do INSS acusado de extorsão
Próximo Texto: Infra-estrutura: Atraso em votação do Orçamento pode prejudicar projeto com FMI
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.