DO ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

Nunca uma semana demorou tanto a passar na história da Opel (braço alemão da General Motors). A empresa precisa de € 3,3 bilhões para não decretar falência nos próximos dias, disse ontem à Folha, Alain Visser, vice-presidente da Opel, após apresentar, no Salão de Genebra, um carro elétrico que, se tudo correr bem, será lançado em 2011.
Segundo Visser, isso vai depender de uma decisão da União Europeia, que pode exigir a separação da Opel do grupo GM, conforme prevê o sindicato dos metalúrgicos das fábricas da GM na Europa.
Os rumores começaram após a Opel anunciar, na semana passada, um prejuízo de € 1,3 bilhão em 2008 e a queda de 10,5% nas vendas. Desde novembro, a Opel pediu dinheiro aos governos alemão, espanhol, polonês, belga e britânico.
"Todas as opções estão abertas, mas gostaríamos de ver alguma assistência do governo [UE] e garantias de que a empresa possa se manter viva", disse à Folha Bob Lutz, vice-presidente da GM no mundo.
Lutz afirma ainda que o grupo cogita se associar a outras montadoras, mas ainda não definiu qual. "O problema é que a GM se tornou a parte visível da crise automotiva porque foi a primeira a pedir dinheiro ao governo dos EUA. Mas todo mundo [outras montadoras] está com problemas. Será um pouco difícil encontrar alguém disposto a gastar muito dinheiro para se associar a Opel."
Para o vice-presidente da GM, as empresas saudáveis financeiramente, como Mercedes-Benz, BMW e Honda, estão economizando. "Seis meses atrás não seria tão difícil, mas agora eu estou um pouco assustado acerca do caminho que isso pode levar", diz Lutz.
Com ou sem joint venture, a GM europeia terá de cortar custos, fechar fábricas e demitir. Nos próximos três anos, cinco fábricas estão ameaçadas em países como Espanha, Bélgica, Alemanha e Inglaterra. Se o cenário não mudar, 17 mil operários podem perder seus empregos na Europa.
Por ironia, logo numa fase em que a Opel vem lançando seus melhores carros em décadas. Em novembro, a marca ganhou o prêmio Car of the Year 2009, com o Insignia (substituto do Vectra na Europa).
(FABIANO SEVERO)