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MERCADO TENSO
Aplicação em abril teve pior resultado desde 2001, aponta JP Morgan
Países emergentes registram fuga recorde de investimento
CÍNTIA CARDOSO
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Indicadores do mercado financeiro revelam saídas recordes de
recursos de países emergentes no
mês passado. Esse movimento
continuou ontem com a alta do
risco-país ocorrida em 13 dos 19
integrantes desses mercados e, segundo analistas, deverá continuar
devido à perspectiva de aumento
de juros nos EUA.
Relatório do JP Morgan mostra
que a redução da exposição de investidores a mercados emergentes em abril passado foi a maior
ocorrida em único mês desde que
o banco começou a realizar essa
sondagem com clientes, em setembro de 2001.
A pesquisa ouviu 305 investidores responsáveis pela gestão de
US$ 341 bilhões em países emergentes e asiáticos. O resultado do
mês passado indica uma queda
no índice que mede a exposição
desses gestores a ativos desses
mercados de 1,5 para 0,4.
O dado revela que a euforia com
mercados emergentes ficou para
trás. A proximidade do indicador
do JP Morgan de zero significa
que investidores estão reduzindo
suas aplicações nesses países para
um nível neutro em relação aos
demais mercados.
"Durante 2004, devemos ver
um desempenho medíocre dos
emergentes. O prognóstico é negativo e não há possibilidade de
vermos um desempenho como o
de 2003", afirma Enrique Álvares,
analista da Ideaglobal, empresa
de consultoria norte-americana.
A fuga expressiva dos mercados
emergentes é confirmada por dados de fluxo de dinheiro para fundos dedicados a esses países.
Segundo a consultoria AMG
Data, esses fundos amargaram
captação líquida (entradas menos
saques) negativa de US$ 20,4 milhões na semana terminada no último dia 28, o equivalente a 0,89%
do patrimônio total dos mesmos.
Foi a terceira semana consecutiva
de saída dessas aplicações.
O Brasil está entre os países que
mais têm sofrido com esse movimento. Em abril passado o risco-país brasileiro teve alta de 18,6%, a
maior registrada desde setembro
de 2002, antes das eleições.
Migração
A forte saída de dinheiro dos
mercados emergentes está relacionada à expectativa de elevação
de juros nos Estados Unidos no
curto prazo. Essa provável elevação aumentará a remuneração
dos títulos norte-americanos, investimentos considerados os
mais seguros do mundo.
Isso fará com que boa parte do
dinheiro alocado, até então, para
ativos mais arriscados migrem
para esses papéis. Enquanto a alta
não ocorre, no entanto, os investimentos estão pulverizados, segundo analistas.
Um movimento que começa a
ser notado é a procura por investimentos de curtíssimo prazo. Embora as taxas dessas aplicações sejam pequenas, investidores que
estão optando por elas evitam
grandes perdas que outros ativos,
como títulos de países emergentes, sofrerão quando os juros dos
Estados Unidos subirem.
Um sinal dessa tendência é a
queda das taxas de juros de títulos
de curto prazo norte-americanos.
O retorno diário anualizado dos
papéis de um dia caíram de 1,07%,
em meados de março, para 0,96%
ontem. O movimento de queda
dos juros ocorre porque os preços
desses papéis têm subido devido à
maior procura de investidores.
Grandes bancos como Merrill
Lynch têm recomendado aos seus
clientes que reduzam ao máximo
o prazo de seus investimentos.
"Os investidores têm preferido
aumentar suas posições em aplicações o mais líquidas e conservadoras possível [como títulos de
curtíssimo prazo e mercado imobiliário]", afirma Steven Lesley,
da Economist Intelligence Unit,
em Nova York.
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