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Após 7 anos,
BNDES planeja
obter recursos
no exterior
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Afastado do mercado internacional de capitais desde
2001, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estuda voltar a
captar recursos no exterior
após a decisão da Standard &
Poor's de conceder também ao
banco o grau de investimento.
"Podemos fazer uma emissão
de bônus com custo favorável.
Estamos vendo boas oportunidades de mercado, mas não há
nada decidido ainda. Estamos
observando e, se aparecer uma
oportunidade, podemos voltar
ao mercado", disse à Folha
Carlos Lagrota, chefe do departamento de operações de captação de renda fixa do BNDES.
Na avaliação do técnico do
banco estatal, o mercado internacional se abrirá não apenas
ao BNDES mas também a todas as empresas brasileiras a
partir do "investment grade"
que o país obteve.
O que é uma boa notícia, diz,
especialmente neste momento
em que a crise imobiliária norte-americana congelou uma série de operações. "Certamente,
o país terá agora mais acesso ao
mercado externo."
Para Lagrota, a decisão da
agência de classificação de risco sinaliza que o Brasil vive um
bom momento econômico. Tão
positivo, diz, que possibilitou a
elevação mesmo com a crise
dos mercados financeiros internacionais. "Isso mostra que
o Brasil foi analisado separadamente e que a crise não afetou
o país."
Foco
Apesar da possibilidade de
novas captações no exterior,
Lagrota disse que o foco do
banco continuará sendo o lançamento de títulos no país com
o objetivo de desenvolver o
mercado doméstico de capitais.
O principal instrumento usado
serão as emissões de debêntures -papéis de empresas de
renda fixa, atrelados, em geral,
a um índice de preço.
Neste ano, o BNDES deve
emitir volume semelhante ao
de 2007 em debêntures, quando o banco captou R$ 1,35 bilhão. Em 2006, foram lançados
R$ 600 milhões.
Tradicionalmente, o BNDES
não é um grande emissor de títulos internacionais. É que o
banco capta recursos no país
com juro muito baixo, já que
uma de suas principais fontes
de financiamento é o FAT
(Fundo de Aparo ao Trabalhador). O fundo é capitalizado pelo FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
O retorno dos empréstimos
já concedidos é, porém, a mais
importante fonte de recursos
do BNDES, que neste ano terá
disponível até R$ 80 bilhões
para financiamentos. No ano
passado, o orçamento do banco
ficou em R$ 65 bilhões.
Desde 2006, o BNDES já havia sido alçado a "investment
grade" pela classificação da
Moody's. É que a agência, diferentemente da S&P, não vincula a nota de risco de estatais à
avaliação dada ao país.
Petrobras e Vale
Segundo a Petrobras, alguns
fundos ainda tinham restrição
em investir em empresas domiciliadas em países sem "investment grade". Portanto não
aplicavam na estatal. Tal realidade, diz a companhia, mudou
agora.
A empresa crê também numa
nova melhora na classificação
de risco da companhia -a estatal já tinha o "investment grade". "O Brasil como "investment grade" e a Petrobras em
vias de reclassificação de risco
abrem um conjunto de possibilidades para atração de investidores e captação de recursos",
disse a empresa.
Para o presidente da Vale,
Roger Agnelli, "todos vão sentir
os efeitos positivos" da melhor
avaliação do país, que se traduz
em "redução do custo de capital
e aumento do fluxo de investimentos". O executivo não detalhou, porém, os planos da Vale
de novas captações.
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