São Paulo, domingo, 04 de maio de 2008

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Após 7 anos, BNDES planeja obter recursos no exterior

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Afastado do mercado internacional de capitais desde 2001, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) estuda voltar a captar recursos no exterior após a decisão da Standard & Poor's de conceder também ao banco o grau de investimento.
"Podemos fazer uma emissão de bônus com custo favorável. Estamos vendo boas oportunidades de mercado, mas não há nada decidido ainda. Estamos observando e, se aparecer uma oportunidade, podemos voltar ao mercado", disse à Folha Carlos Lagrota, chefe do departamento de operações de captação de renda fixa do BNDES.
Na avaliação do técnico do banco estatal, o mercado internacional se abrirá não apenas ao BNDES mas também a todas as empresas brasileiras a partir do "investment grade" que o país obteve.
O que é uma boa notícia, diz, especialmente neste momento em que a crise imobiliária norte-americana congelou uma série de operações. "Certamente, o país terá agora mais acesso ao mercado externo."
Para Lagrota, a decisão da agência de classificação de risco sinaliza que o Brasil vive um bom momento econômico. Tão positivo, diz, que possibilitou a elevação mesmo com a crise dos mercados financeiros internacionais. "Isso mostra que o Brasil foi analisado separadamente e que a crise não afetou o país."

Foco
Apesar da possibilidade de novas captações no exterior, Lagrota disse que o foco do banco continuará sendo o lançamento de títulos no país com o objetivo de desenvolver o mercado doméstico de capitais. O principal instrumento usado serão as emissões de debêntures -papéis de empresas de renda fixa, atrelados, em geral, a um índice de preço.
Neste ano, o BNDES deve emitir volume semelhante ao de 2007 em debêntures, quando o banco captou R$ 1,35 bilhão. Em 2006, foram lançados R$ 600 milhões.
Tradicionalmente, o BNDES não é um grande emissor de títulos internacionais. É que o banco capta recursos no país com juro muito baixo, já que uma de suas principais fontes de financiamento é o FAT (Fundo de Aparo ao Trabalhador). O fundo é capitalizado pelo FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
O retorno dos empréstimos já concedidos é, porém, a mais importante fonte de recursos do BNDES, que neste ano terá disponível até R$ 80 bilhões para financiamentos. No ano passado, o orçamento do banco ficou em R$ 65 bilhões.
Desde 2006, o BNDES já havia sido alçado a "investment grade" pela classificação da Moody's. É que a agência, diferentemente da S&P, não vincula a nota de risco de estatais à avaliação dada ao país.

Petrobras e Vale
Segundo a Petrobras, alguns fundos ainda tinham restrição em investir em empresas domiciliadas em países sem "investment grade". Portanto não aplicavam na estatal. Tal realidade, diz a companhia, mudou agora.
A empresa crê também numa nova melhora na classificação de risco da companhia -a estatal já tinha o "investment grade". "O Brasil como "investment grade" e a Petrobras em vias de reclassificação de risco abrem um conjunto de possibilidades para atração de investidores e captação de recursos", disse a empresa.
Para o presidente da Vale, Roger Agnelli, "todos vão sentir os efeitos positivos" da melhor avaliação do país, que se traduz em "redução do custo de capital e aumento do fluxo de investimentos". O executivo não detalhou, porém, os planos da Vale de novas captações.


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