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FUNDOS
BC age para reduzir perdas; oscilação no valor dos fundos vai continuar
BC tenta acalmar investidor; sacar agora gera mais perdas
SANDRA BALBI
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As perdas de até 5% no valor da cota dos fundos DI e de renda fixa, registradas na última sexta-feira, refletem a piora do mercado financeiro nos últimos 12 meses e não necessariamente irão se repetir daqui para a frente, nessa proporção, dizem analistas ouvidos pela Folha.
Segundo esses analistas de mercado, a piora ou melhora do mercado de renda fixa, tradicionalmente o menos instável, vai depender do comportamento do
Banco Central e dos investidores
nos próximos dias.
Ontem, o BC tentou acalmar o
mercado realizando um leilão para recomprar LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), que são os
principais papéis das carteiras
desses fundos. O objetivo do leilão foi trocar títulos que venciam
em 2004 e 2005, que vinham sofrendo forte desvalorização, por
outros com vencimento em 2003
melhor aceitos.
Assim, o BC espera diminuir a
oscilação dos preços desses títulos
e o risco de novos prejuízos para
os investidores com o início da
contabilidade dos ativos de acordo com seu valor de mercado.
Pânico gera mais perdas
Outra possível fonte de desvalorização para esses papéis é a própria perspectiva de que os cotistas continuem sacando recursos dos
seus fundos. Isso forçaria os gestores a venderem os ativos que
têm em carteira para pagar os pedidos de resgate. O resultado seria
mais LFTs no mercado, puxando
seu preço ainda mais para baixo,
criando um circulo vicioso.
Por isso os gestores não recomendam sacar o dinheiro dos
fundos. "Enquanto o investidor
não resgatar a aplicação, o prejuízo é contábil. Quem sacar realiza
o prejuízo", alerta Marco Sudano,
diretor-executivo do Unibanco
Asset Management.
Ele lembra que os fundos DI e
de renda fixa carregam os títulos
em carteira até a data do vencimento, quando são resgatados
pelo seu valor face pelo BC. "Isso
permite recuperar as perdas
atuais no médio prazo", diz ele.
Para consultores e analistas, o
melhor a fazer agora é ter sangue
frio e esperar. Mais: a vida do investidor vai deixar de ser tão fácil
e ele passará a lidar com as oscilações diárias do mercado que os
fundos de renda fixa pareciam
evitar.
Ainda assim, dizem os analistas
ouvidos ontem pela Folha, a aplicação em fundos continua sendo
atrativa. Mesmo porque, afirmam, as demais escolhas são a
poupança, que rende menos, e
fundos de renda variável, que podem render mais, mas têm um
risco maior. "Os fundos DI continuam sendo um dos investimentos mais seguros. Mas é bom lembrar que não existe aplicação que
seja livre de riscos", diz Roberto
Apelfeld, diretor-executivo do Citigroup Asset Management.
Willian Eid, professor do centro
de estudos em finanças da FGV/
Eaesp, concorda. Ele lembra que o
aparente "rombo" nos fundos já
existia. Foi apenas contabilizado.
Os investidores podem se assustar, mas a medida torna os fundos
mais transparentes.
Mauro Halfeld, analista financeiro e professor da Universidade
Federal do Paraná, recomenda
que os investidores encarem a
perda como "a devolução de um
pedacinho do ganho extraordinário dos últimos anos".
"Desde o início do Plano Real os fundos DI já renderam 515%,
contra um rendimento de 277% da poupança."
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