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Diretores saem e acusam o Opportunity
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Os diretores da Previ (Caixa
de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) que
ocupavam os cargos eleitos pelos empregados reagiram ontem à intervenção na entidade
com acusações ao governo.
Ao deixar a fundação, no início da noite, o diretor de Participações, Sérgio Rosa, afirmou
que a intervenção favoreceria o
grupo Opportunity e que o
banqueiro Daniel Dantas teria
mais influência sobre o governo do que os fundos de pensão
ligados às empresas estatais.
O diretor insinuou que Dantas teria influência sobre o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele lembrou
que o banqueiro foi recebido
por FHC na noite de 10 maio,
quando teria criticado a posição dos fundos de pensão nas
teles privatizadas.
Segundo Rosa, após a audiência do banqueiro, os presidentes de três dos maiores fundos de pensão do país -Previ,
Petros (Petrobras) e Funcef
(Caixa Econômica Federal)-
solicitaram reunião com FHC,
mas só foram recebidos por Pedro Parente (Casa Civil).
""Esse grupo (Opportunity)
conseguiu acordos muito favoráveis a ele no passado, que estão sendo questionados hoje
pelos fundos de pensão. Espero
que o interventor não tome nenhuma atitude para mudar o
curso das ações judiciais",
prosseguiu o diretor.
O porta-voz do Palácio do
Planalto, Alexandre Parola,
afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso não
falaria sobre o assunto (intervenção na Previ) porque já tinha sido objeto de entrevista
concedida pelo Ministério da
Previdência.
A assessoria de imprensa do
ministério informou que o ministro José Cechin não iria se
pronunciar sobre as afirmações de diretores eleitos afastados após a intervenção.
O Opportunity não vai comentar o assunto, informou à
noite sua assessoria de imprensa.
O interventor da Previ, Carlos Eduardo Esteves Lima, chegou à sede da fundação, em Botafogo (zona sul do Rio), por
volta das 9h. Estava acompanhado secretário de Previdência Complementar, José Roberto Savoia, e de três agentes da
Polícia Federal. Foi um dia tumultuado na fundação.
Na sexta-feira passada, venceram os mandatos de três dos
seis diretores executivos, de
parte do Conselho Deliberativo
e de todo o Conselho Fiscal.
Quando o interventor chegou,
restavam apenas os diretores
de Participações, Sérgio Rosa,
de Planejamento, Erik Persson,
e o presidente, Luiz Tarquínio
Ferro, que têm mandato até
2004. Os dois primeiros foram
eleitos pelos empregados. Ferro foi indicado pelo BB.
Até o fim da tarde, havia dúvida se os diretores haviam
perdido os mandatos. Sérgio
Rosa afirmou que não tinha recebido a documentação oficial
a esse respeito, mas Persson
disse ter sido informado da
perda do mandato pelo interventor.
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