São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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Diretores saem e acusam o Opportunity

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Os diretores da Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) que ocupavam os cargos eleitos pelos empregados reagiram ontem à intervenção na entidade com acusações ao governo.
Ao deixar a fundação, no início da noite, o diretor de Participações, Sérgio Rosa, afirmou que a intervenção favoreceria o grupo Opportunity e que o banqueiro Daniel Dantas teria mais influência sobre o governo do que os fundos de pensão ligados às empresas estatais.
O diretor insinuou que Dantas teria influência sobre o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele lembrou que o banqueiro foi recebido por FHC na noite de 10 maio, quando teria criticado a posição dos fundos de pensão nas teles privatizadas.
Segundo Rosa, após a audiência do banqueiro, os presidentes de três dos maiores fundos de pensão do país -Previ, Petros (Petrobras) e Funcef (Caixa Econômica Federal)- solicitaram reunião com FHC, mas só foram recebidos por Pedro Parente (Casa Civil).
""Esse grupo (Opportunity) conseguiu acordos muito favoráveis a ele no passado, que estão sendo questionados hoje pelos fundos de pensão. Espero que o interventor não tome nenhuma atitude para mudar o curso das ações judiciais", prosseguiu o diretor.
O porta-voz do Palácio do Planalto, Alexandre Parola, afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso não falaria sobre o assunto (intervenção na Previ) porque já tinha sido objeto de entrevista concedida pelo Ministério da Previdência.
A assessoria de imprensa do ministério informou que o ministro José Cechin não iria se pronunciar sobre as afirmações de diretores eleitos afastados após a intervenção.
O Opportunity não vai comentar o assunto, informou à noite sua assessoria de imprensa.
O interventor da Previ, Carlos Eduardo Esteves Lima, chegou à sede da fundação, em Botafogo (zona sul do Rio), por volta das 9h. Estava acompanhado secretário de Previdência Complementar, José Roberto Savoia, e de três agentes da Polícia Federal. Foi um dia tumultuado na fundação.
Na sexta-feira passada, venceram os mandatos de três dos seis diretores executivos, de parte do Conselho Deliberativo e de todo o Conselho Fiscal. Quando o interventor chegou, restavam apenas os diretores de Participações, Sérgio Rosa, de Planejamento, Erik Persson, e o presidente, Luiz Tarquínio Ferro, que têm mandato até 2004. Os dois primeiros foram eleitos pelos empregados. Ferro foi indicado pelo BB.
Até o fim da tarde, havia dúvida se os diretores haviam perdido os mandatos. Sérgio Rosa afirmou que não tinha recebido a documentação oficial a esse respeito, mas Persson disse ter sido informado da perda do mandato pelo interventor.



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