São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Em dia de forte volatilidade, moeda americana fecha a R$ 2,536; risco-país também oscila forte

Dólar tem alta de 0,79%; Bolsa cai 1,57%

DA REPORTAGEM LOCAL

A antecipação das novas regras para os fundos de investimento levou preocupação para o mercado financeiro, que repercutiu a notícia ontem.
A Bolsa de Valores de São Paulo caiu 1,57% e girou a fraca quantia de R$ 326,938 milhões. O dólar subiu 0,79%, para R$ 2,536, seu maior valor desde novembro. O dia foi de poucos negócios e grande volatilidade.
O risco-país, medido pelo índice Embi+ do JP Morgan,também teve um dia de sobe-e-desce. Chegou a encostar nos mil pontos, mas fechou praticamente estável, em 977 pontos, ante 976.
Durante o dia houve forte procura pela moeda norte-americana por instituições que desejavam "hedge" (proteção cambial) para compensar perdas sofridas com os fundos.
O banco JP Morgan rebaixou sua previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2002 e 2003. A expectativa de crescimento para este ano passou de 1% para 0,7%. Para o ano que vem, ela caiu de 4% para 3,7%. O relatório do banco cita como motivos "riscos políticos ligados às eleições" presidenciais de outubro, com as boas chances de o pré-candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencer as eleições, como apontam as pesquisas de intenção de voto.
A Merrill Lynch também declarou que espera crescimento menor para o país.
Segundo Júlio Ziegelmann, do BankBoston Asset Management, o mercado se ressentiu ontem devido a problemas no perfil da dívida pública. "Ninguém quer ficar com os títulos de longo prazo da dívida pública brasileira. Em um ano eleitoral, há insegurança e com as regras de marcação a mercado, as instituições também irão preferir papéis de curto prazo."
Ele demonstra preocupações com o que pode acontecer com a dívida no final do ano. "O BC já afirmou que dará ao mercado o papel que ele quiser. Se os vencimentos ficarem todos concentrados para logo após as eleições, poderá ser armada uma bomba-relógio e ainda para este governo."
O dólar chegou a subir mais de 1%, mas a alta foi reduzida em especial pelo anúncio de que o Unibanco concluiu uma captação de US$ 400 milhões.
Para a Bolsa também pesou a notícia da intervenção do governo na Previ, um dos maiores investidores do mercado acionário.
(ANA PAULA RAGAZZI)


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