São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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Criação amadora atrasa mercado brasileiro

DA REPORTAGEM LOCAL

"Cavalos não são mais um hobby caro para pecuaristas." Essa é a opinião de Marcelo Navajas, diretor-superintendente da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo de Hipismo (ABCCH ). Segundo ele, o alto custo de criar cavalos determinou a saída do mercado daqueles que encaravam essa atividade apenas como um passatempo. Mas a boa rentabilidade do negócio com esses animais tem atraído criadores profissionais.
Por conta dessa crença de que criar cavalos é apenas um hobby caro, o mercado brasileiro não é muito desenvolvido. Ainda são poucos os criadores no país, e muitos deles ainda estão iniciando a sua produção comercial. A qualidade do cavalo brasileiro, por exemplo, não é tão alta quanto a dos bovinos criados no país.
"Não quer dizer que nossos cavalos sejam pangarés, mas realmente estamos muito longe da qualidade dos melhores animais do mundo -os europeus", diz Navajas. "Mesmo assim, a profissionalização da atividade já está mostrando suas vantagens e, dentro de alguns anos, estaremos em pé de igualdade com os europeus na qualidade de nossos animais."
A forma que os brasileiros encontraram para melhorar sua tropa foi a importação de material genético de campeões europeus para "renovar o sangue" dos animais brasileiros. A compra desse material, segundo especialistas é muito mais interessante e viável economicamente do que importar o próprio animal.
A inseminação artificial, porém, não é permitida para algumas raças, principalmente de cavalos utilizados para corrida. Nesses casos, o único meio de melhorar a qualidade da tropa brasileira é através da importação de animais reprodutores.

Hobby rentável
"É claro que existem criadores que ainda encaram a atividade como um hobby. A diferença é que agora eles preferem que esse hobby seja rentável", diz João Carlos Ribeiro, que cria cavalos há 23 anos em Louveira (a 73 Km de São Paulo). Segundo ele, a atividade tem muito rentabilidade e é razoavelmente segura. Só que, para isso, é preciso que o criador a encare como um negócio.
"Não adianta: se não houver uma administração boa do negócio, ele não vai dar lucro. Vai ser bonito ver os cavalos e os potrinhos na fazenda, mas não será rentável", diz Ribeiro.
De acordo com ele, o retorno dos cavalos de hipismo (nos quais se pode utilizar a técnica de inseminação artificial) é mais demorado e o custo um pouco mais baixo que no caso dos cavalos de corrida. Porém, no caso dos animais de salto, o retorno é mais garantido, dada a possibilidade de melhorar sempre e mais rapidamente os animais com a inseminação artificial. Fora isso, diz ele, que também já criou animais de velocidade, os custos envolvidos na criação de um cavalo de corrida são mais altos que os na criação de um animal de salto. (CC E JSO)


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