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COMÉRCIO EXTERIOR
Ministro pede que Estados Unidos reduzam protecionismo
Furlan quer "abertura recíproca"
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, qualificou ontem a indústria siderúrgica
dos EUA como "velha e obsoleta"
e cobrou um ingresso maior de
produtos siderúrgicos brasileiros
e de outras áreas no mercado norte-americano.
O ministro afirmou que o Brasil
se sentiu "discriminado" com a
oferta inicial dos EUA para a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) e que as negociações
estão comprometidas pelo "protecionismo" americano. "Queremos abrir nosso mercado, mas
com reciprocidade", disse.
Diante de uma platéia de cerca
de 80 empresários e funcionários
do Departamento de Comércio
dos EUA, o ministro reforçou a
estratégia do Brasil de aprofundar
o Mercosul e procurou indicar
que o país não precisa dos EUA e
da Alca para ampliar seu comércio internacional.
"Sabemos exatamente onde [os
EUA] estão nos machucando e
onde podemos ceder para obter
contrapartidas. Depende apenas
de honestidade nas negociações."
Segundo Furlan, o Brasil manterá sua política para fortalecer o
Mercosul e buscar mais parceiros
comerciais em todo o mundo.
Furlan disse que o Brasil vai
usar recursos do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) para melhorar a infra-estrutura de transporte
na região com o objetivo de facilitar o comércio.
O ministro afirmou que, embora os EUA absorvam 25% das exportações brasileiras, esse percentual tem se mantido estável por
conta das restrições americanas
-que incluem barreiras não-tarifárias como cotas nos casos do
aço e do suco de laranja.
Furlan disse aos americanos
que as exportações do Brasil para
a China triplicaram nos últimos
meses e que cresceram 40% para a
Rússia e 150% para a Índia. Ele
destacou a recuperação dos negócios com a Argentina. "Estamos
buscando outras alternativas."
Nos últimos cinco meses, disse
o ministro, o Brasil aumentou
suas exportações em US$ 6 bilhões. Ele deu a entender, no entanto, que o ritmo dos saldos comerciais pode diminuir nos próximos meses. "Nossa prioridade
no segundo semestre será o mercado interno e o crescimento."
Furlan disse que não vê os EUA
como "um mercado só". Segundo
ele, a estratégia brasileira deverá
se concentrar em negociações regionais, "começando com dez Estados e poucos produtos". Segundo ele, seu ministério deve trazer
642 empresas a mais de 20 eventos nos EUA no segundo semestre
em busca de oportunidades.
Ao final do seu discurso, Furlan
afirmou que em sua visita ao Brasil há alguns dias o representante
comercial dos EUA, Robert Zoellick, levou "uma agenda completa de assuntos convergentes" que
devem fazer com que "as negociações [entre Brasil e EUA] fiquem
menos difíceis de ir em frente".
As propostas americanas devem ser discutidas por Brasil e
EUA no encontro entre Lula e
Bush no dia 20, em Washington.
Furlan também afirmou que o
Brasil adotará neste mês uma iniciativa de promoção de comércio
nos EUA.
O vice-presidente da Câmara de
Comércio dos EUA, Mark Smith,
disse que, embora as empresas
americanas com investimentos
no Brasil venham encontrando
dificuldades no país, os EUA confiam na recuperação brasileira.
Smith elogiou a condução da
equipe econômica e disse acreditar que o Brasil aprovará as reformas da Previdência e tributária.
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