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São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2003

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COMÉRCIO EXTERIOR

Ministro pede que Estados Unidos reduzam protecionismo

Furlan quer "abertura recíproca"

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, qualificou ontem a indústria siderúrgica dos EUA como "velha e obsoleta" e cobrou um ingresso maior de produtos siderúrgicos brasileiros e de outras áreas no mercado norte-americano.
O ministro afirmou que o Brasil se sentiu "discriminado" com a oferta inicial dos EUA para a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e que as negociações estão comprometidas pelo "protecionismo" americano. "Queremos abrir nosso mercado, mas com reciprocidade", disse.
Diante de uma platéia de cerca de 80 empresários e funcionários do Departamento de Comércio dos EUA, o ministro reforçou a estratégia do Brasil de aprofundar o Mercosul e procurou indicar que o país não precisa dos EUA e da Alca para ampliar seu comércio internacional.
"Sabemos exatamente onde [os EUA] estão nos machucando e onde podemos ceder para obter contrapartidas. Depende apenas de honestidade nas negociações."
Segundo Furlan, o Brasil manterá sua política para fortalecer o Mercosul e buscar mais parceiros comerciais em todo o mundo.
Furlan disse que o Brasil vai usar recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para melhorar a infra-estrutura de transporte na região com o objetivo de facilitar o comércio.
O ministro afirmou que, embora os EUA absorvam 25% das exportações brasileiras, esse percentual tem se mantido estável por conta das restrições americanas -que incluem barreiras não-tarifárias como cotas nos casos do aço e do suco de laranja.
Furlan disse aos americanos que as exportações do Brasil para a China triplicaram nos últimos meses e que cresceram 40% para a Rússia e 150% para a Índia. Ele destacou a recuperação dos negócios com a Argentina. "Estamos buscando outras alternativas."
Nos últimos cinco meses, disse o ministro, o Brasil aumentou suas exportações em US$ 6 bilhões. Ele deu a entender, no entanto, que o ritmo dos saldos comerciais pode diminuir nos próximos meses. "Nossa prioridade no segundo semestre será o mercado interno e o crescimento."
Furlan disse que não vê os EUA como "um mercado só". Segundo ele, a estratégia brasileira deverá se concentrar em negociações regionais, "começando com dez Estados e poucos produtos". Segundo ele, seu ministério deve trazer 642 empresas a mais de 20 eventos nos EUA no segundo semestre em busca de oportunidades.
Ao final do seu discurso, Furlan afirmou que em sua visita ao Brasil há alguns dias o representante comercial dos EUA, Robert Zoellick, levou "uma agenda completa de assuntos convergentes" que devem fazer com que "as negociações [entre Brasil e EUA] fiquem menos difíceis de ir em frente".
As propostas americanas devem ser discutidas por Brasil e EUA no encontro entre Lula e Bush no dia 20, em Washington.
Furlan também afirmou que o Brasil adotará neste mês uma iniciativa de promoção de comércio nos EUA.
O vice-presidente da Câmara de Comércio dos EUA, Mark Smith, disse que, embora as empresas americanas com investimentos no Brasil venham encontrando dificuldades no país, os EUA confiam na recuperação brasileira. Smith elogiou a condução da equipe econômica e disse acreditar que o Brasil aprovará as reformas da Previdência e tributária.


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