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Agricultura evolui e estimula seguro rural
Com movimentação anual de US$ 40 milhões em prêmios, Brasil deve superar Argentina e tornar-se maior mercado da região
Tamanho, variedade de culturas e participação maior do governo
devem garantir o desenvolvimento do setor no país
DA REDAÇÃO
O seguro rural no Brasil ainda está bem distante do de outros países, que há poucas décadas estavam no mesmo estágio
inicial de desenvolvimento do
sistema brasileiro atual. Mas o
avanço das tecnologias na agricultura e na pecuária está trazendo uma profissionalização
maior e uma nova mentalidade
entre os produtores, que começam a encarar o seguro rural
como um custo necessário, segundo analistas do setor.
Luiz Carlos Meleiro, superintendente de agronegócio da
AGF Seguros diz que está otimista com o crescimento do setor no Brasil. O país se consolida como um grande produtor
mundial de commodities.
Avança nos setores de grãos, de
biocombustível e de florestas.
A cultura do agricultor está
mudando e ele começa a entender que o seguro é parte do risco da produção. Meleiro diz
que cada país tem um modelo
específico de seguro rural,
principalmente porque os problemas e as características de
produção são diversos. E o Brasil deve chegar ao seu modelo
com rapidez.
Algumas mudanças estão
sendo fundamentais para o desenvolvimento do setor, segundo Meleiro. O dinheiro a ser recebido pelos produtores já chega mais rapidamente e o governo participa mais do setor, com
o aumento da subvenção -pagamento de parte do prêmio do
seguro devido pelo produtor.
Exemplo de melhoria no setor são as discussões sobre a
nova Lei de Catástrofes, que está sendo desenvolvida pelos
ministérios da Fazenda e da
Agricultura. Essa lei vai dar segurança tanto aos produtores
como às seguradoras. "Esse é
um lado positivo do setor, que
está sendo desenvolvido de forma rápida", acrescenta o superintendente da AGF Seguros.
José Maria Cullen, diretor
técnico da Seguradora Brasileira Rural, diz que o país caminha
para ser o maior mercado da
América Latina. Tem tamanho,
variedade de culturas agrícolas
e o governo está consciente da
necessidade de participar mais
desse mercado.
A Argentina, com cem anos
de tradição em seguro agrícola
e com a atuação de 30 seguradoras, movimenta US$ 100 milhões em prêmio por ano. O
Brasil movimenta US$ 40 milhões e tem apenas cinco seguradoras no setor, mas deve ultrapassar a Argentina em breve, segundo ele.
Cullen diz, no entanto, que
falta muito para o produtor
brasileiro entender que o seguro é um instrumento para evitar perdas financeiras.
Mesmo acreditando no crescimento do mercado brasileiro,
Cullen diz que não haverá explosão do seguro rural no país
porque as seguradoras não estão preparadas. A evolução será
lenta até pela estrutura do mercado e pelos riscos.
Luciano Marcos de Carvalho,
assessor técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), diz que falta
diálogo entre as duas pontas.
O produtor quer o seguro,
mas em condições financeiras
mais favoráveis. Já as seguradoras querem vender, mas com
um grau de risco menor. Não
existe modelo pronto para o
país, principalmente devido às
diferenças no setor: clima, culturas e tecnologias utilizadas,
na avaliação de Carvalho.
"É preciso descobrir esse
modelo por meio de conversas
entre todos os participantes do
setor: seguradoras, cooperativas e entidades de classe, órgãos que conhecem as necessidades do campo", afirma o assessor da CNA.
Mas o setor tem "alguns pontos nevrálgicos", na avaliação
de Meleiro. Seguro é estatística,
e algumas estações climáticas
não dispõem de dados para o
setor. Essas informações são
importantes porque facilitariam a formação das taxas de
seguro, o que beneficiaria áreas
com risco menor.
É importante também a
maior participação do governo
nas subvenções, embora isso já
venha ocorrendo após as recentes crises agrícolas. Na safra
2005/6, o governo participou
com subvenções de R$ 2,3 milhões. Na de 2006/7, o valor subiu para R$ 31 milhões. Para
2007/8, são esperados pelo menos R$ 90 milhões.
Outro ponto que não pode
ser abandonado é o desenvolvimento desse fundo de catástrofe, que dará maior segurança a
todos os participantes do setor.
Além disso, a área de seguro
não passará por uma fase de desenvolvimento sem um aculturamento do campo, trabalho
que não deve ser apenas tarefa
do governo, mas também das
empresas do setor.
O mercado ficará mais atrativo, e outras empresas virão para o setor, aumentando a competitividade e reduzindo as taxas de custos.
(MAURO ZAFALON)
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