São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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Bush se enrola para explicar fraude contábil de 89

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O escândalo contábil nos EUA deixou ontem de ser apenas uma questão corporativa para transformar-se num problema político de consequências ainda incertas.
O presidente George W. Bush foi obrigado a responder às acusações de que, em 1989, quando era membro do conselho de diretores e do comitê de auditoria da companhia Harken Energy, teria se beneficiado de operações fraudulentas similares às que destruíram a credibilidade de companhias norte-americanas como a Enron e a WorldCom.
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, consumiu grande parte de sua entrevista diária para defender o presidente, tendo encontrado uma resposta que, para muitos, contradiz outra que o próprio presidente dera sobre o assunto em 1994. O próprio Bush falou rapidamente sobre o assunto ao tentar fugir de jornalistas na cidade de Milwaukee. "Tudo o que faço é totalmente transparente", disse ele.
A Harken ocultou prejuízos por meio de uma operação fictícia e Bush vendeu US$ 848 mil de suas próprias ações pouco antes de seu valor despencar, tendo informado à SEC (a xerife do mercado de ações dos EUA) a respeito apenas 34 semanas depois.

Revelação
A revelação, feita inicialmente pelo "Wall Street Journal" em março passado, passou ter enormes repercussões, quando o economista Paul Krugman, professor na Universidade Princeton, publicou-a em sua coluna do "New York Times" de terça-feira, revendida para jornais do mundo todo (inclusive a Folha, que também a republicou ontem).
A Casa Branca disse ontem que Bush informou prontamente à SEC sua intenção de vender as ações, mas que, por um problema de seus advogados, demorou 34 semanas para entregar a segunda declaração, confirmando a venda. As leis dos EUA exigem que um executivo informe imediatamente sua intenção de vender ações e a realização dessas vendas assim que elas ocorrerem.
Logo após a entrevista de Fleischer, as emissoras de TV norte-americanas lembraram que Bush dera uma desculpa diferente quando o assunto apareceu durante a campanha para o governo do Estado do Texas, em 1994. Naquela ocasião, Bush disse ter apresentado no prazo correto as duas declarações, mas que a SEC teria "perdido" a segunda.



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