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Bush se enrola para explicar fraude contábil de 89
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
O escândalo contábil nos EUA
deixou ontem de ser apenas uma
questão corporativa para transformar-se num problema político
de consequências ainda incertas.
O presidente George W. Bush
foi obrigado a responder às acusações de que, em 1989, quando era
membro do conselho de diretores
e do comitê de auditoria da companhia Harken Energy, teria se
beneficiado de operações fraudulentas similares às que destruíram
a credibilidade de companhias
norte-americanas como a Enron e
a WorldCom.
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, consumiu grande parte
de sua entrevista diária para defender o presidente, tendo encontrado uma resposta que, para
muitos, contradiz outra que o
próprio presidente dera sobre o
assunto em 1994. O próprio Bush
falou rapidamente sobre o assunto ao tentar fugir de jornalistas na
cidade de Milwaukee. "Tudo o
que faço é totalmente transparente", disse ele.
A Harken ocultou prejuízos por
meio de uma operação fictícia e
Bush vendeu US$ 848 mil de suas
próprias ações pouco antes de seu
valor despencar, tendo informado à SEC (a xerife do mercado de
ações dos EUA) a respeito apenas
34 semanas depois.
Revelação
A revelação, feita inicialmente
pelo "Wall Street Journal" em
março passado, passou ter enormes repercussões, quando o economista Paul Krugman, professor
na Universidade Princeton, publicou-a em sua coluna do "New
York Times" de terça-feira, revendida para jornais do mundo todo
(inclusive a Folha, que também a
republicou ontem).
A Casa Branca disse ontem que
Bush informou prontamente à
SEC sua intenção de vender as
ações, mas que, por um problema
de seus advogados, demorou 34
semanas para entregar a segunda
declaração, confirmando a venda.
As leis dos EUA exigem que um
executivo informe imediatamente sua intenção de vender ações e a
realização dessas vendas assim
que elas ocorrerem.
Logo após a entrevista de Fleischer, as emissoras de TV norte-americanas lembraram que Bush
dera uma desculpa diferente
quando o assunto apareceu durante a campanha para o governo
do Estado do Texas, em 1994. Naquela ocasião, Bush disse ter apresentado no prazo correto as duas declarações, mas que a SEC teria "perdido" a segunda.
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