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Anúncio da eleição antecipada pega até ministro de surpresa
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eduardo Duhalde confidenciou
apenas a antigos assessores que
estudava a possibilidade de antecipar a eleição presidencial de
2003. De acordo com versões
apresentadas pelos jornais argentinos, a decisão pegou de surpresa
até mesmo o mais importante
membro do Gabinete, o ministro
da Economia, Roberto Lavagna.
E fora justamente um encontro
com Lavagna que teria servido
para Duhalde extrair os argumentos definitivos para uma resolução que estava sendo maturada há
pelo menos três semanas, segundo o ""La Nación".
O ministro retornara no domingo de Washington (EUA), onde se
reunira com membros do FMI
(Fundo Monetário Internacional), em mais uma etapa das negociações para um novo acordo
que se arrasta pelos seis meses do
governo Duhalde.
O presidente informaria a Lavagna, na noite de segunda-feira,
que se preparava para, no dia seguinte, fazer o anúncio de que o
pleito ocorreria não mais em setembro, mas em março de 2003.
Duhalde teria encarregado um de
seus assessores de adiantar a medida para os governadores de seu
partido, o Justicialista, e às lideranças dos principais partidos do
país.
Rival, única avisada
Não menos surpreendente foi o
fato de que a única figura fora do
gabinete de ministros a quem o
presidente anunciou pessoalmente a decisão seria a deputada Elisa
Carrió, do ARI, a mais bem posicionada entre os pré-candidatos à
sucessão presidencial.
Na avaliação do analista Joaquín Morales Solá, por ironia a
ação do ministro Lavagna esteve
entre os elementos que condenaram Duhalde a antecipar as eleições. Lavagna propôs ao FMI que
permita adiar o vencimento de todas as parcelas da dívida do governo argentino para com a entidade até dezembro de 2003.
""É possível imaginar que um
novo presidente assumisse em
dezembro e tivesse que se deparar
com monumentais vencimentos
em janeiro de 2004?", indaga Solá.
Também é fato que, se aparentemente não fizeram pressão ""oficial" pela antecipação das eleições, o governo dos Estados Unidos e o FMI deram claros sinais de
que o pleito poderia ""renovar e
conceder legitimidade" à liderança política no país.
Situação expressa pelo diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, na
segunda-feira, para quem ""os argentinos não crêem no governo
Duhalde".
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