São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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Anúncio da eleição antecipada pega até ministro de surpresa

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eduardo Duhalde confidenciou apenas a antigos assessores que estudava a possibilidade de antecipar a eleição presidencial de 2003. De acordo com versões apresentadas pelos jornais argentinos, a decisão pegou de surpresa até mesmo o mais importante membro do Gabinete, o ministro da Economia, Roberto Lavagna.
E fora justamente um encontro com Lavagna que teria servido para Duhalde extrair os argumentos definitivos para uma resolução que estava sendo maturada há pelo menos três semanas, segundo o ""La Nación".
O ministro retornara no domingo de Washington (EUA), onde se reunira com membros do FMI (Fundo Monetário Internacional), em mais uma etapa das negociações para um novo acordo que se arrasta pelos seis meses do governo Duhalde.
O presidente informaria a Lavagna, na noite de segunda-feira, que se preparava para, no dia seguinte, fazer o anúncio de que o pleito ocorreria não mais em setembro, mas em março de 2003. Duhalde teria encarregado um de seus assessores de adiantar a medida para os governadores de seu partido, o Justicialista, e às lideranças dos principais partidos do país.

Rival, única avisada
Não menos surpreendente foi o fato de que a única figura fora do gabinete de ministros a quem o presidente anunciou pessoalmente a decisão seria a deputada Elisa Carrió, do ARI, a mais bem posicionada entre os pré-candidatos à sucessão presidencial.
Na avaliação do analista Joaquín Morales Solá, por ironia a ação do ministro Lavagna esteve entre os elementos que condenaram Duhalde a antecipar as eleições. Lavagna propôs ao FMI que permita adiar o vencimento de todas as parcelas da dívida do governo argentino para com a entidade até dezembro de 2003.
""É possível imaginar que um novo presidente assumisse em dezembro e tivesse que se deparar com monumentais vencimentos em janeiro de 2004?", indaga Solá.
Também é fato que, se aparentemente não fizeram pressão ""oficial" pela antecipação das eleições, o governo dos Estados Unidos e o FMI deram claros sinais de que o pleito poderia ""renovar e conceder legitimidade" à liderança política no país.
Situação expressa pelo diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, na segunda-feira, para quem ""os argentinos não crêem no governo Duhalde".



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