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COMBUSTÍVEIS
Para nigeriano que preside entidade, ataque dos EUA ao Iraque não afeta cotação; venezuelano discorda
Preço do petróleo em guerra divide Opep
Reuters
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Delegados de vários países chegam ao centro de convenções no Rio para participar do 17º Congresso Mundial de Petróleo |
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
CÍNTIA CARDOSO
JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
O presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de
Petróleo), o nigeriano Riwanu
Lukman, afirmou ontem que o
início de um conflito no Oriente
Médio não significaria aumento
imediato dos preços do petróleo
no mercado internacional. ""Os
países membros da Opep têm
produção suficiente para garantir
abastecimento do produto em
uma emergência. Só se houver
um desastre, haveria alta", disse.
A realidade, porém, é que não
há consenso entre os membros da
organização presentes ao Congresso Mundial de Petróleo no
Rio. ""Evidentemente haverá aumento de preço. Só com a ameaça
[de ataque norte-americano ao
Iraque" já houve acréscimo de
US$ 4 a US$ 5 por barril a título de
prêmio de guerra", afirmou Rafael Ramírez, ministro de Minas e
Energia da Venezuela.
Lukman, que além de presidente da Opep, representa os interesses da Nigéria, afirmou que seu
país também pode aumentar a
produção caso seja necessário. ""A
produção pode ser flexibilizada
de acordo com as circunstâncias".
Mas foi evasivo ao comentar se
durante a próxima reunião da
Opep, neste mês, no Japão, o cartel manterá ou não o patamar
atual de produção. ""É uma decisão a ser tomada em conjunto. É
preciso observar o comportamento do mercado."
Lukman afirmou que a prioridade da Opep é defender a estabilidade dos preços do petróleo. E,
de acordo com sua argumentação, não apenas para assegurar os
interesses dos países-membros.
""À Opep não interessa nem preços altos, que são contraproducentes, nem preços baixos, que
inibem os investimentos em novas tecnologias", disse.
Indagado sobre a posição da organização acerca da redução da
emissão de poluentes em discussão na Rio+10, em Johannesburgo, o presidente da Opep afirmou
que é cada vez maior a preocupação do setor com questões ambientais. No entanto, fez ressalva
ao uso de energias alternativas,
como a solar ou eólica: ""Preço de
energia tem que ser razoável. Isso
é desenvolvimento sustentável."
O dirigente sugeriu que o preço
de petróleo em combustíveis em
países em desenvolvimento é, na
média, mais alto que em nações
desenvolvidas por conta de uma
""fome de impostos" dos governos. ""Nos países em desenvolvimento, os combustíveis custam
três vezes mais que outras nações.
Além das circunstâncias do mercado internacional há outro fator:
os impostos são muito altos. Os
EUA são o exemplo a ser seguido:
a baixa taxação dos derivados do
petróleo estimula a economia",
disse o nigeriano.
O presidente da Saudi Aramco,
a maior petrolífera do mundo,
Abdullah Jum'ah fez coro às declarações de Lukman, ao afirmar
que uma guerra não causará uma
crise mundial de abastecimento.
Segundo ele, além de Arábia Saudita poder produzir o suficiente
para cobrir a cota do Iraque (hoje
em 2 milhões de barris diários), o
país também dispõe de uma rota
alternativa para o transporte. A
Arábia Saudita tem cota diária de
produção da Opep fixada em 7
milhões de barris, mas tem capacidade de extrair 10 milhões/dia.
Em caso de conflito, de acordo
com Jum'ah, 5 milhões de barris
poderiam ser escoados via Mar
Vermelho -uma vez que a rota
normal, pelo estreito de Ormuz
(no golfo Pérsico), poderia ser interditada.
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